A exposição de fotografia “Manas 2000-2024”, de Ditte Haarløv Johnsen está no centro da 3ª edição do ULAYO Fest – Semana LGBTQIA+ e chama atenção pela forma profunda e intimista em que se mostram os protagonistas.
A fotógrafa dinamarquesa capturou sentimentos, atitudes e os traços peculiares da comunidade da comunidade LGBTQIA+, como se de um diário de vida dos “estranhos” – tradução literal de queer – se tratasse.
Um trabalho que vem desenvolvendo desde 2000, quando, segundo conta, conheceu dois jovens na rua, em Maputo. “Eles eram descaradamente homossexuais. Nunca eu tinha visto isso abertamente em Maputo. Passei as duas semanas seguintes com Ingracia e Antonieta, e seu círculo íntimo de amigos. Arranhei a superfície das suas vidas; as Irmãs, elas se chamavam”.
Assim, as imagens que se podem visitar na galeria do Centro Cultural Franco-Moçambicano, até 3 de Agosto, são partículas de uma relação profunda da fotógrafa com as pessoas e a cidade, feitas de uma expressão que converge os receios, a liberdade espontânea e essa humanidade que fica a faltar a esse grupo de pessoas que não encontram espaço para exercerem a sua existência e sexualidade, sem qualquer tipo de descriminação ou repreensões que, por vezes, são até violentas.
“Ao longo dos anos, voltei a fotografar as manas. Nós nos tornamos parte da vida uma da outra. Muitas morreram ao longo do caminho, e as fotos se tornaram cada vez mais sobre minha própria vida em Maputo”, explica Ditte Haarlov Johnsen, sobre o seu trabalho que se desenvolveu ao longo desse tempo em como se tratasse de um diário.
“A exposição oferece uma visão autêntica sobre um mundo muitas vezes invisível, celebrando aqueles que vivem as suas vidas com autenticidade e coragem, em busca de aceitação e liberdade”, lê-se na nota da Ulayo Fest.
Por Eduardo Quive