``Un Divan à Tunis``: filme de Manele Labidi retrata a vida na Tunísia a partir do olhar de uma psicanalista
“Un Divan à Tunis” (“Anti-Depressivo Árabe” na versão em português), a primeira longa-metragem da realizadora franco-tunisina Manele Labidi, opta, de forma surpreendente, pelo prisma da psicanálise para traçar um retrato fascinante da sociedade tunisina pós-Primavera Árabe.
O filme conta a história de Selma, uma psicanalista tunisina (interpretada pela actriz franco-iraniana Golshifteh Farahani), que decide regressar ao seu país após uma estadia prolongada em França com o objectivo de abrir um consultório na periferia de Tunis e ajudar a população a superar os traumas do período revolucionário.
Ao optar pelo formato da comédia, Manele Labidi encontra o registo certo para explorar, em paralelo, várias problemáticas complexas: das múltiplas suspeitas, resistências e preconceitos existentes sobre a prática psicanalítica e a sua abordagem secular da doença mental (face à dominância das “explicações” tradicionais e consequente “cura religiosa”) até aos diversos problemas identitários e de género com que Selma se depara (enquanto mulher psicanalista), passando pelas inúmeras dificuldades administrativas e políticas para exercer a profissão, “Un Divan à Tunis” navega com mestria por todas essas dimensões e oferece uma visão poderosa dos conflitos que atravessam a sociedade tunisina.
O filme acaba de chegar às salas de cinema na Europa (nomeadamente em França e Portugal), depois de ter passado, no final do ano, passado pelo circuito internacional dos festivais,
Pode ler aqui e aqui entrevistas com a realizadora Manele Labidi.