Realizado por Karim Amer e Jehane Noujaim, “The Great Hack” (na versão portuguesa “Nada é Privado: o escândalo da Cambridge Analytica”), estreado na semana passado na Netflix, toma como ponto de partida o escândalo Facebook/Cambridge Analytica – que rebentou em 2018 no âmbito das investigações sobre a possível manipulação dos resultados eleitorais que levaram Donald Trump à presidência dos EUA – para reflectir sobre como os dados pessoais partilhados nas redes sociais podem ser explorados para fins políticos.

Num sentido mais amplo, o documentário torna claro como a “colecta de dados” se tornou uma das maiores indústrias actuais – a qual, no dizer da revista britânica “The Economist”, é “mais importante do que a do petróleo” – e como, por falta de regulação apropriada, permite a gigantes como o Facebook ou o Google operarem sem controle. Nessa perspectiva, o documentário funciona como um poderoso alerta e sublinha a importância dos cidadãos tomarem consciência do facto e agirem em consonância.

 

 

 

O filme conta com a participação especial de David Carroll, professor universitário que se envolveu numa batalha judicial com a Cambridge Analytica para reclamar os seus dados, e de Carole Cadwalladr, jornalista do “The Guardian” que, em conjunto com o whistleblower Christopher Wylie, primeiro tornou pública a história sobre a Cambridge Analytica, uma empresa que teve também um papel importante no referendo sobre o Brexit, no Reino Unido, e que já tinha no seu currículo “intervenções eleitorais” em África (como, por exemplo, na Nigéria).