``The Centre for the Less Good Idea`` quer estimular a ``periferia da imaginação``
No video em que introduz o projecto, William Kentridge explica que um dos objectivos deste programa – que se destina a artistas das mais variadas disciplinas e a curadores – é não deixar que as ideias que estão na “periferia da imaginação” sucumbam perante a tentação e o deslumbramento que às vezes ocorre quando parece que se “teve uma grande ideia”. Muitas vezes aquilo que parece ser um “conceito inferior” é, na verdade, melhor do que aquela primeira e ofuscante “ideia luminosa”.
Por isso, o programa – que se traduz numa série de workshops que decorrem ao longo de vários meses e culminam num festival – foca-se sobretudo no “processo criativo” e menos nos “resultados” (isto é, obras concretas), ou como Kentridge refere, interessa mais trabalhar a “substância” de uma ideia do que a obsessão pela “aparência” final que ela venha a assumir.
Mas o Centro nasceu também para dar resposta a outro tipo de problemas. Depois de meses de investigação, tornou-se claro que o “modelo dominante” – no que toca ao financiamento das artes e da cultura na África do Sul pós-independência – está demasiado dependente de uma lógica que impõe aos artistas que, para obter apoios, eles demonstrem que os seus projectos têm uma componente de “responsabilidade social” e de ligação às comunidades.
Sem negar a importância deste “compromisso social”, os fundadores do Centro acreditam, no entanto, que este modelo impõe limites à criatividade do artista e manifesta uma espécie de “desconfiança” face ao trabalho artistico. Ora o processo criativo, se genuíno, é aquele que obriga a desafiar “convenções”, “noções adquiridas” e abre novas perspectivas ao pensamento critico. E é a partir deste trabalho que nascem “ideias” e “projectos” que podem, de facto, dar um contributo inestimável à comunidade.
O Centro surge também, portanto, com o objectivo de “abrir um espaço de liberdade” que permita aos artistas expressarem-se sem terem sobre eles a pressão para “criarem” trabalhos que devem, desde logo, estar “amarrados” a finalidades previamente estabelecidas.