
Tanisha Bhana e a fotografia que testemunha a cadeia de valor das pessoas e das coisas
English version below
A fotógrafa sul-africana, Tanisha Bhana tem no seu olhar a marca de um mundo em “decomposição”. O registo de imagens fortes da natureza gasta, as mutações causadas pelo efeito humano, revelam um trabalho fotográfico que pensa a humanidade na sua verdadeira, embora insuportável, essência.
Suas imagens chamam atenção por revelar o lado “sujo” da vida, onde a sociedade descarta e despeja os seus excessos e excentricismos. O lixo revelado por Tanisha Bhana, nascida em 1976, mostra mais do que depósitos de objectos ou restos de alimentos, são “restos mortais” como nomeou uma das suas fotos marcantes.
Com a sua fotografia que combina outras técnicas como a colagem revela um mundo em que as afirmações sobre mudanças climáticas, sustentabilidade, reciclagem, parecem cada vez se distanciar da realidade débil que o meio urbano vive. O abandono, os escombros, o verde morto e gasto, substituído dramaticamente pelo amarelo e cinza, as árvores secas, a agricultura excessivamente refém da ciência e da química, a degradação dos solos, a precariedade escandalosamente visível dos desafortunados, perante uma sociedade em que os bens materiais definem personalidades e destinos, saltam à vista nas fotografias, mas não em jeito denúncia, antes uma provocação para que se olhe minuciosamente o que se esconde por detrás dos estilos excêntricos. Por detrás da necessidade de cada vez mais possuir e consumir, há um lixo que se gera, há desperdício e um planeta que sufoca.
“Encontro alegria no processo alquímico de transmutar matéria de todos os tipos, adoro explorar o elo comum que os humanos compartilham com todos os objetos e organismos, aquilo que criamos, usamos, ocupamos, consumimos, destruímos ou redistribuímos”. Esta afirmação de auto apresentação de Tanisha Bhana diz muito sobre o seu trabalho.
English Version
Tanisha Bhana and the photography that bears witness to the value chain of people and things
The South African photographer, Tanisha Bhana has in her look the mark of a world in “decomposition”. Recording strong images of worn-out nature, the mutations caused by human effect, reveal a photographic work that thinks humanity in its true, though unbearable, essence.
Her images draw attention by revealing the “dirty” side of life, where society discards and dumps its excesses and eccentricities. The trash revealed by Tanisha Bhana, born in 1976, shows more than deposits of objects or food scraps, they are “mortal remains” as she named one of her striking photos.
With her photography that combines other techniques such as collage she reveals a world in which statements about climate change, sustainability, recycling, seem increasingly distant from the weak reality that the urban environment lives. The abandonment, the debris, the dead and worn-out green, dramatically replaced by yellow and grey, the dry trees, the agriculture excessively hostage to science and chemistry, the degradation of the soils, the scandalously visible precariousness of the unfortunate, before a society in which material goods define personalities and destinies, leap to the fore in the photographs, but not by way of denunciation, but rather as a provocation to take a closer look at what is hidden behind the eccentric styles. Behind the need to possess and consume more and more, there is a rubbish that is generated, there is waste and a planet that suffocates.
“I find joy in the alchemical process of transmuting matter of all kinds, I love exploring the common link humans share with all objects and organisms, what we create, use, occupy, consume, destroy or redistribute.” This self-introducing statement by Tanisha Bhana says a lot about her work.