A aquisição, em exclusivo, dos direitos de transmissão do podcast The Joe Rogan Experience pela plataforma de streaming Spotify, como relata a Bloomberg, vem tornar claro que a era dos podcasts como um dos raros segmentos ainda não sujeitos a uma lógica “proprietária” pode estar a chegar ao fim.
Criado em 2009, o podcast The Joe Rogan Experience tornou-se um fenómeno sem paralelo no mundo dos podcasts com milhões de downloads mensais. Embora as partes não tenham revelado os montantes envolvidos, o “The Wall Street Journal” avançou com a verba de 100 milhões de dólares para a concretização do negócio.
Desde 2019 que, atenta a um autêntico boom no sector dos podcasts, a Spotify começou a investir milhões de dólares na aquisição de tecnologia e de conteúdos. No ano passado, a empresa sueca adquiriu duas redes de podcasts, a Gimlet Media e a Parcast, e uma ferramenta que facilita a criação de podcasts por qualquer pessoa, chamada Anchor, que se tem vindo a tornar muito popular.
Até agora os podcasts, têm sido uma dos raros sectores em que os conteúdos têm escapado à centralização promovida pelas grandes tecnológicas. Com recurso à tecnologia RSS, qualquer pessoa que crie um podcast pode distribui-lo simultaneamente para uma série de plataformas. Ao contrário do streaming de séries – em que existe uma competição forte entre diferentes plataformas com o Netflix, a HBO ou a Apple TV+ a assegurarem conteúdos exclusivos – nos podcasts isso não acontecia. Até agora.
Para os analistas, as movimentações da Spotify, que culminaram na compra dos direitos de exclusividade do The Joe Rogan Experience, indicam que a plataforma, que já era o líder no streaming de música, se pretende posicionar agora também, tal como a Netflix no que diz respeito ao streaming de séries, como o lider incontestado no segmento dos podcasts.
Mas, de modo mais significativo, o que parece claro é que, a era em que os podcasts eram uma maneira de distribuir conteúdo de forma aberta e livre está a chegar ao fim e que se está assistir ao início da sua “industrialização” como a Spotify a tomar a liderança no que toca à privatização de conteúdos e redes de distribuição.