Criada há sete anos por Anápuáka Muniz Tupinambá Hã hã hãe, Denilson Baniwa e Renata Machado Tupinambá, a Rádio Yandê ganhou um estatuto único e singular não apenas no Brasil mas também nos 40 países onde hoje já é escutada e seguida diariamente.

Yandê, que significa “todos” – daí o lema da estação, “a rádio de todos nós” – assume-se como um projecto de etnojornalismo com o objectivo de dar protagonismo não só à comunidade indígena brasileira mas de todos os povos indígenas independentemente da sua pertença geográfica.

Apesar da origem carioca, a estrutura da rádio foi pensada para não ter estúdio físico, o que permitiu que mais de 180 etnias estejam representadas em conteúdos da programação com o auxílio de colaboradores e parceiros da Yandê em diversos pontos do globo, observando as particularidades de cada povo.

Conversas sobre questões indígenas, denúncias, pedidos de músicas, declamação de poesias, leitura de histórias e até a comunicação directa com diversos povos ao redor do mundo são algumas das componentes da programação da rádio. Além disso, no seu website é possível aceder a artigos e vídeos gravados com temas que vão desde o suicídio indígena à sustentabilidade. “A pauta é indígena. Tudo é uma coisa só, somos uma natureza”, sublinhava recentemente Anápuáka em entrevista.

A Rádio Yandê tem tido também um papel fundamental ao revelar toda uma nova geração de músicos indígenas a ponto de o jornal britânico “The Guardian” lhes ter dedicado um extenso artigo. Fundindo sonoridades tradicionais com o funk, o rap, o trap e outras ambiências electrónicas, artistas como Kaê Guajajara ou Kunumi MC estão a chegar ao mercado tradicional sendo de sublinhar ainda que a Rádio Yandé esteve associada oa lançamento do Festival Yby –  Festival de Música Contemporânea Indígena do Brasil.