Quando o jornalista é um robot
Posteriormente, o programa fez também a “cobertura” noticiosa de várias eleições e eventos desportivos nos Estados Unidos, tem uma presença constante na produção de informação sobre os mercados financeiros e até já lançou alguns “tweets” nas redes sociais.
O “Washington Post” não é a única publicação a recorrer, cada vez, à Inteligência Artificial para gerar “notícias”. Há muito rempo, por exemplo, que a agência noticiosa Associated Press (AP) o vem fazendo (para referir apenas um caso pioneiro na utilização desta tecnologia no processo de “automatização da informação”).
Até aqui, a maior parte das notícias produzidas desta forma limitam-se a organizar de uma forma articulada e legível informação relativamente simples (resultados desportivos, informação meteorológica ou financeira, etc.). Fazem-no de uma forma muito mais rápida de qualquer jornalista e “libertam” deste modo o seu tempo para que ele se possa dedicar a tarefas mais exigentes.
De acordo com um responsável da AP, citado pela publicação “Digiday”, a utilização destes programas informáticos permitiu aumentar a disponibilidade de tempo dos jornalistas em cerca de 20% e possibilitou diminuir o número de erros publicados.
Mas os responsáveis do “Washington Post” referem também que a capacidade que estas tecnologias têm de “ler”, quase em tempo real, enormes volumes de informação ajuda também os jornalistas a detectarem a emergência de tendências (como foi o caso nas recentes eleições norte-americanas) e a reagirem mais rapidamente a esses indicadores.
Para a indústria dos “media” o processo de automatização da informação é visto como tendo um enorme potencial embora considerem que a tecnologia disponivel ainda apresenta muitas limitações. E apesar de não se colocar, para já, um cenário em que os jornalistas venham a ser preteridos em favor das máquinas, uma coisa é certa: a “convivência” diária entre os “repórteres robôs” e os jornalistas de carne osso é já hoje matéria para reflexão e amplo debate (como pode ler aqui ou aprofundar em publicações como o “Guide to Automated Journalism” de Andreas Graefe).