O realizador moçambicano Inadelso Cossa esteve em Berlim para mostrar o seu projecto de filme, intitulado “As Noites Ainda Cheiram a Pólvora”, no âmbito da edição deste ano do festival Berlinale.

A apresentação do filme foi incluída na secção do festival “Talents” que junta jovens cineastas e profissionais da indústria cinematográfica de todo o mundo e tem como objectivo dar apoio aos novos talentos no desenvolvimento dos seus projectos.

“As Noites Ainda Cheiram a Pólvora”, ainda em fase de pesquisa e desenvolvimento, pretende mostrar um retrato contemporâneo do pós-Guerra Civil em Moçambique.

É um filme com um tom auto-biográfico pois Inadelso Cossa parte da sua história pessoal e da sua família para reflectir sobre os efeitos da Guerra Civil na sociedade moçambicana.

 

 

Em declarações à Deutsche Welle, Inadelso Cossa conta a história do filme: “É a história de um realizador – eu neste caso –  que volta à aldeia da sua avó para questioná-la, porque ela tornou a guerra numa ficção. Quando a aldeia era atacada e tínhamos que fugir sempre que havia bombardeamentos e sons de balas, ela dizia que eram fogos de artifício…”. E acrescenta: “quero ligar a câmara e mostrar como é a luz e o som da aldeia hoje, como é que as pessoas estão a viver com essa memória e qual foi o efeito nas suas vidas, como é que o trauma da guerra se manifesta ainda hoje, o que é que mudou naquilo que foram as minhas referências de infância e o que mudou na forma de estar dessa aldeia hoje existe”.

A apresentação do projecto na Berlinale permitiu a .Inadelso Cossa ter um feedback de profisionais experientes sobre como conduzir e fazer evoluír a narrativa do filme e, simultaneamente, estabelecer contactos com produtores e distribuidores internacionais.