``PRESS PLAY``: instalação multimédia de Taíla Carrilho no MFF 2017
Nascida em 1984, em Maputo, Taíla Carrilho fez a sua formação em Design Gráfico na Cape Peninsula University of Technology de Cape Town (África do Sul).
O contexto familiar em que cresceu fez com que, desde cedo, tenha desenvolvido o gosto pelo o desenho, a pintura e o canto. Mais tarde veio a paixão por escrever poesia e, recentemente, por declamar.
É co-fundadora da RUUM, desde Novembro de 2013, uma galeria criativa de objectos de design, feitos à mão, com recurso a materiais locais.
“Press Play” tem como ponto de partida uma série de desenhos/pinturas que Taíla Carrilho transformou numa sequência de animações digitais interactivas.
No texto de apresentação de “Press Play” pode ler-se:
As regras deste “jogo” espelham aquelas que configuram o jogo das nossas existências: transitoriedade e circularidade.
A dissolução das formas que se esvaiem dos contornos que as delimitam reflectem o que sabemos e queremos esquecer: que habitamos o efémero e procuramos na aparente solidez do que nos rodeia a ilusão de uma materialidade que esconjure a morte.
Buscamos, por isso, na materialidade das coisas o apaziguamento da indizível dor que o reconhecimento da transitoriedade que nos é constitutiva implica e tentamos, pelo exercício contínuo do esquecimento, viabilizar estratégias de auto-preservação. Ou construímos, obstinada e laboriosamente, narrativas poderosas que nos protejam da dissipação anunciada e do “som e da fúria” de um universo cujo sentido final nos escapa.
Mas no jogo aqui encenado, a desmaterialização das formas é subvertida por um incessante recomeço.
Um retorno que não é uma condenação à repetição cega mas coloca a hipótese de uma retro-alimentação em que o regresso à corporalidade é impregnado pela energia subtil e transfiguradora da imaterialidade a qual, se vivida e assumida enquanto tal, e não como assombração, age sobre o mundo e desloca a percepção que dele temos pois o visível e invisível são apenas variáveis que dependem do nosso olhar e da incondicional aceitação da vida como fluxo.
A transitoriedade é nos proposta aqui, por isso, como uma oportunidade e a circularidade entendida como um desafio à liberdade.
“Press Play”, portanto.
E jogue.”