Patti Anahory e César Schofield Cardoso apresentam instalação “Água(s): Produção de Territórios e Imaginários” na Bienal de Veneza
Patti Anahory e César Schofield Cardoso – que integraram o programa da edição de 2018 do festival Maputo Fast Forward – participam agora na 17ª Exposição Internacional de Arquitectura da Bienal de Veneza 2021 com a instalação “Hacking (the resort): Water Territorialities and Imaginaries”/“Água(s): Produção de Territórios e Imaginários”.
De acordo com os fundadores da iniciativa Storia na Lugar. em Cabo Verde, esta instalação “explora a comercialização de imaginários de um país marítimo, cercado pela imensidão do oceano azul, onde grandes resorts oferecem piscinas monumentais, que estendem infinitamente os horizontes do azul. Os resorts all-inclusive ocupam as designadas Zonas de Desenvolvimento Turistico Integrado, na Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, um país que sofre de extrema escassez de água potável, onde as precipitações são esparsas e irregulares. Esses resorts funcionam como microcosmos que destacam as disparidades e são um testemunho dos padrões de consumo e da política de trabalho do sistema económico global. Assim, a água é convocada como testemunha e protagonista na ruptura da narrativa turística predominante.

O projeto defende uma mudança de perspectiva, contra a narrativa predominante do consumo predatório de imaginários de água, de horizontes azuis infinitos. Propõe-se uma matriz tridimensional de relações – uma topografia da(s) água(s) destacando as disparidades no acesso à água potável; sua produção; resíduos e o desequilíbrio ecológico resultante de múltiplas pressões.

A instalação cria um horizonte expandido, em camadas, misturando escalas e entrelaçando imagens multimídia com a forma construída. Ela apresenta a omnipresente garrafa de água (neste caso PET) como uma unidade de construção, uma unidade de valor (e de disparidade), bem como um símbolo de pressão ecológica. A narrativa visual desenrola-se por entre escalas, perspectivas e texturas em camadas, atravessados por cursos imaginários de azul, não como horizonte, mas como linha de vida, em busca de formas mais equitativas e ecológicas de convivência.”