Os ``nómadas digitais`` e as novas tendências nos espaços de ``coworking``
Foi com este conceito em mente que Amy Franz e Michelle Monty criaram a “Remote Trip”, uma start-up que propõe “pacotes” de 1, 3 e 6 meses a todos aqueles que, podendo trabalhar independentemente do local onde se encontram, desejam conhecer o mundo.
A “Remote Trip” assegura todos os aspectos logísticos (viagens, estadias, espaços de trabalho, etc.) em todos os destinos que propõem (especialmente na Ásia e na América Latina) e, embora o seu foco esteja nos serviços que presta a estes “nómadas digitais”, criou recentemente um projecto subsidiário – “The Remote Starter Kit” – para apoiar todos aqueles que não tendo ainda “autonomia” suficiente para poder sustentar este “estilo de vida” precisam, em cada local, de contactos, conselhos e informações que os ajudem a “fazer a transição”.
Mas a “Remote Trip” não é a única a posicionar-se no sentido de explorar as oportunidades decorrentes das transformações que vêm ocorrendo nas formas de trabalhar (em particular no sector da “classe criativa”, como Richard Florida a caracterizou, e na geração dos “millennials”).
Basta, por exemplo, uma consulta ao blog da Nomad List – que é, possivelmente, a mais interessante das plataformas para os “nomadas digitais”- para ter uma percepção mais ampla do fenómeno.
Também o programa, os debates e as conclusões da recente “Coworking Unconference”, que ocorreu entre 8 e 12 de Fevereiro na Tailandia, são um bom indicador da escala da mudança em curso.
Com a participação de mais de 350 convidados de 30 países diferentes, a conferência tornou claro que este é um processo transformativo com uma dimensão global. Algo que a divulgação do Global Coworking Survey, feita por Carsten Foertsch, da revista Deskmag, confirma ao antecipar para 2017 uma “consolidação” do mercado dos espaços de “coworking” através de um processo que será marcado pelo peso crescente dos actores com maior “músculo financeiro”, pelo progressivo declínio dos espaços tradicionais e pela emergência de novos modelos de negócio.
A escala global do fenómeno do “coworking” tinha já ficado patente no estudo feito pela Coworker (em colaboração com a Nomad List). Estudo esse a que revista norte-americana “Forbes” dedicou em Julho passado alguma atenção.
Num inquérito realizado a utilizadores de 2000 mil espaços de “coworking” em 700 cidades do mundo, o estudo identificou aqueles que eram os 10 melhores espaços a nível mundial e os resultados foram eloquentes em termos da sua distribuição global: EUA, Brasil, Tunísia, Bulgaria, Hungria, Alemanha, Tailandia, Canadá, África do Sul e Indonésia.
Um bom exemplo. no que toca às novas abordagens nos espaços de “coworking”, é o do projecto “Second Home”. Tendo começado em Londres, os seus fundadores abriram recentemente em Lisboa um novo espaço que tem sido internacionalmente considerado – quer do ponto de vista do seu conceito quer do ponto de vista do design – como um dos mais inovadores.
Aquando da sua abertura em Lisboa, o jornal “Público” escrevia: “No Mercado da Ribeira, em Lisboa, a Second Home vai ocupar 1300 metros quadrados. É um espaço aberto, com mais de 1000 plantas e árvores, com candeeiros e cadeiras de escritório diferentes, biblioteca, café e bar, salas de reuniões privadas, uma zona de bem-estar com sessões de meditação, ioga ou pilates, uma área cultural para sessões de cinema, música ao vivo ou palestras – para as próximas semanas estão previstas as presenças de David Rowan, editor da revista Wired, e de Martha Lane Fox, co-fundadora da lastminute.com. Terá uma área para eventos até 400 pessoas e 250 lugares disponíveis a tempo inteiro. E também será disponibilizado um autocarro para sessões de surf na praia.”(ver artigo completo aqui).
Em 2017, inúmeras conferências e encontros sobre “coworking” irão ter lugar em todo o mundo. Pode ver aqui o calendário previsto para alguns destes eventos.