Com o fim da revista “Migrant Journal” – uma das mais inovadores e interessantes publicações dos últimos anos – a recém surgida “Nansen” propõe-se vir ocupar um espaço semelhante mas partindo de uma perspectiva diferente.
O conceito da “Migrant Journal” era o de olhar para a circulação de todo o tipo de “fluxos” – bens, pessoas, informação, fauna, flora, etc. – e analisar o seu impacto transformador no espaço global. Para pensar o carácter ubíquo, complexo e as múltiplas ramificações do fenómeno migratório (no seu sentido mais amplo), a “Migrant Journal” procurou os contributos de artistas, filósofos, designers, jornalistas, arquitectos etc. na perspectiva de romper com “clichés” e visões estéreotipadas.
Esta abordagem e o carácter inovador e sofisticado da sua linguagem gráfica valeram-lhe inúmeros prémios e distinções. E o seu fim não se deveu a nenhuma falta de sucesso mas por que se propôs, desde o início, publicar apenas 6 números (bi-anuais).
O projecto “Nansen” quer também abordar todos os tipos de “migrações” (define-se como “a magazine about migrations of all kinds”) mas pretende fazê-lo a partir de um olhar individual e único. Nesse sentido, os dois números até agora publicados desenvolvem-se com base no trajecto de uma figura e na observação da sua itinerância através de diversos ângulos. A figura central deste segundo número é Kalaf Epalanga, músico e escritor de origem angolana e que esteve na origem dos Buraka Som Sistema.