Nanjala Nyabola reflecte acerca dos ``Discursos Contemporâneos sobre Linguagem, Identidade e Política em África`` na conferência do MFF 2019
Nanjala Nyabola é uma escritora, investigadora independente e analista política baseada em Nairobi, no Quénia. O seu mais recente livro, “Digital Democracy, Analogue Politics: How the Internet Era is Transforming Kenya“, a que aqui já fizemos referência, tem sido amplamente referênciado nos media internacionais.
Com colaborações em inúmeras publicações – Financial Times, Foreign Policy, Foreign Affairs, Al Jazeera e World Politics Review – Nanjala Nyabola coordenou para a revista “African Arguments” um projecto intitulado “Living in Translation” – no qual se reflecte sobre questões de lingua e identidade – e sobre o qual virá falar na Conferência Internacional do MFF 2019.
Na introdução à sua palestra na Conferência – intitulada “A Medida das Nossas Vidas: Discursos Contemporâneos sobre Linguagem, Identidade e Política em África” – Nanjala Nyabola escreve:
“A grande romancista e pensadora americana Toni Morrison disse no seu discurso de aceitação do Prémio Nobel de 1993: “nós morremos. Esse poderá ser o significado da vida. Mas nós também somos linguagem. Essa pode ser a medida das nossas vidas ”.
Reafirmava, deste modo, o papel central da linguagem em dar ordem e sentido às nossas vidas. As línguas constroem mundos e orientam as sociedades, criando legados e identidades que depois transmitimos às gerações futuras.
Com base num projecto recente sobre linguagem e identidade, realizado para a revista “African Arguments”, esta apresentação aprofunda uma das premissas deste projecto. Nomeadamente, que a “linguagem (… )não é apenas um encadeado de palavras – é a nossa forma de navegar pelo mundo: um veículo para as nossas histórias de migração, conexão e desconexão, lugar e tempo, saudade e desejo, para além de constituír o lugar do nosso ser”.
O que quer Morrison dizer com “a linguagem é a medida das nossas vidas”? Esta palestra foca-se nas possibilidades abertas pelos ensaios apresentados no projecto realizado para a “African Arguments”. O que revela o crioulo sobre as Maurícias e a sua história de escravidão e migração? Podem as línguas Pidgin na Nigéria e Amharic na Etiópia ajudar-nos a perceber melhor a política fracturada de ambos os países e da sua forma de entender a ideia de união? O que revela a língua Kiswahili na Tanzânia e na África do Sul sobre as perspectivas da unidade pan-africana? E finalmente, o que nos diz a língua Hassaniya sobre a esperança de independência do Sahara Ocidental?
Através destas e outras perguntas usaremos a linguagem para interrogar o modo como a linguagem define quem somos e como vemos o nosso lugar no mundo e, portanto, a medida das nossas vidas”.
A intervenção de Nanjala Nyabola na Conferência do MFF – cujo tema deste ano é “”Life Design: Identidade e Mobilidade no século XXI”” – irá ocorrer no dia 11 de Outubro. A conferência terá lugar na Fundação Fernando Leite Couto.
O MFF 2019 irá decorrer entre 10 de Outubro e 10 de Novembro.