Livro ``Nollywood Portraits`` quer mudar a imagem da indústria do cinema da Nigéria
O livro enquadra-se num esforço mais abrangente que tem em vista “valorizar” Nollywood e mostrar que existe hoje não apenas um elenco de actores e actrizes com talento e professionalismo suficiente para entrarem no mercado mundial mas também que Nollywood já não é apenas sinónimo de produções de baixa qualidade sem capacidade para se imporem em circuitos mais sofisticados.
Na verdade, apesar da indústria cinematográfica da Nigéria ser o segundo maior empregador do país e há muito haver consciência de que existe um potencial grande em termos de exportação, a qualidade média da produção manteve-se geralmente incipiente e, de um modo geral, não lhe era reconhecido grande valor em termos artísticos.
No entanto, à medida que o governo nigeriano tem vindo a tomar consciência da necessidade de diversificar a sua economia (excessivamente dependente do petróleo), foi-se também tornando claro que o investimento na indústria cinematográfica podia ser uma opção válida a considerar.
O bom acolhimento que um filme recente – The Wedding Party – teve no Toronto International Film Festival (Canadá) é um bom indicador de uma mudança de atitude no sentido de elevar os padrões de qualidade em Nollywood. E o facto de um outro filme – October 1 – ter conseguido um contrato de distribuição com a Netflix é também um sinal encorajador. É certo que existem ainda muitos obstáculos pelo caminho, em especial se se tiver em atenção a fragilidade das infra-estruturas locais, mas as novas plataformas digitais podem vir a desempenhar um papel determinante na ultrapassagem de alguns constrangimentos.
Entretanto, o livro de Iké Udé está também a servir de base a uma exposição itinerante que arrancou em Arles (França) e seguiu depois para Chicago (EUA) estando previstas, para 2017, outras apresentações tanto neste país como na Ásia.