Em 2013, a jornalista francesa Judith Duportail começou a usar o Tinder, uma app de relacionamentos que conta hoje com mais de 50 milhões de utilizadores, está disponível em mais de 30 línguas e presente em 196 países.
Em 2017, a jornalista, com a ajuda do activista Paul-Olivier Dehaye da plataforma Personal Data, que actua pela defesa do direito à privacidade dos cidadãos, e do advogado Ravi Naik, requisitou ao Tinder que lhe fosse facultada toda a informação que detinha sobre si, um direito que, segundo as leis da União Europeia, lhe assiste.
Em resultado desse pedido, Judith Duportail recebeu um dossier de 800 páginas com todas as mensagens que alguma vez trocou online com os seus “parceiros” de relacionamento (com data e localização de onde tinham sido enviadas), todos os “likes” que colocou no Facebook, links das suas fotografias no Instagram, perfis detalhados dos seus gostos e preferências “românticas” e do tipo de “parceiros” que procurou ou com quem se envolveu,etc.
Depois de um primeiro artigo no jornal britânico The Guardian, Judith Duportail acaba de publicar L’Amour sous algorithme (Éditions Goutte d’Or) um livro no qual mistura uma reflexão sobre os modelos de relacionamento gerados pelo de tipo de apps como o Tinder e, em simultâneo, analisa os problemas levantados pela colecta de informações de cariz altamente pessoal que estas aplicações levam a cabo e sobre as quais os próprios não têm qualquer controle, o que os coloca numa posição de extrema vulnerabilidade já que, tal como acontece com o Facebook, o modelo de negócio destas empresas assenta sobre a monetização destes dados e a sua venda a terceiros.
Sobre estas problemáticas pode ler aqui uma entrevista de Judith Duportail aquando da publicação do livro.