Kigali: um modelo de ``cidade inteligente`` no continente africano
Na verdade, a capital do Ruanda é talvez um modelo- em todo o continente africano – de como desenvolver uma “cidade inteligente”. A tal ponto que o governo deste país apresentou, no final da conferência, um “roteiro de boas práticas” (“Smart Cities Blueprint”) para o desenvolvimento de “cidades inteligentes” em África na perspectiva de ajudar todos aqueles que querem implementá-las nos seus países.
Em entrevista ao jornal “Le Monde”, Jean Philbert Nsengimana, ministro da Juventude e das Novas Tecnologias do Ruanda, sublinha que Kigali é hoje “uma cidade totalmente conectada à Internet com acesso gratuito via wifi nos espaços públicos, transportes, restaurantes, hoteis, etc.” e, para além disso, “todos os habitantes de Kigali podem aceder à totalidade dos serviços públicos através da internet”.
Assim, foram “desmaterializados” todos os procedimentos administrativos por forma a que os cidadãos possam, através da internet, “pagar os seus impostos, obter licenças de construção, registos de propriedade, certidões de nascimento, etc.”.
Outro ponto importante referido pelo ministro tem a ver com a digitalização de toda a informação urbana relativa a endereços no sentido de facilitar a distribuição domiciliária de correio e encomendas: “O programa “Smart City Kigali – acrescenta Jean Philbert Nsengimana – permitiu já geolocalisar 100% das ruas da cidade”.
Falando sobre os próximos passos que a cidade quer empreender, o ministro refere como objectivo a “digitalização progressiva de todo o tipo de transacções monetárias”: “Nos transportes colectivos de Kigali já é hoje possível pagar directamente usando o telemóvel – queremos estender esse procedimento a hotéis e restaurantes”. Reconhece, no entanto, que há ainda muito a fazer no sentido destes “pagamentos electrónicos” poderem abranger o pequeno comércio e as lojas de bairro.
O projecto “Smart City Kigali” enquadra-se, no entanto em objectivos mais gerais. De acordo com a convicção já expressa pelo presidente do país, Paul Kagamé, “a transformação digital deve ser o epicentro do desenvolvimento em África” e o Ruanda quer estar entre os países lideres dessa transformação.
Pode ler a entrevista integral de Jean Philbert Nsengimana aqui.