James Wan reflecte sobre `` identidades sem fronteiras`` na Conferência do MFF 2019
James Wan, actual Editor da revista African Arguments, toma como ponto de partida para a sua intervenção na Conferência do MFF 2019 – cujo tema á “Life Design: Identidade & Mobilidade no séc.XX” – o texto de Achille Mbembe (The Idea of a Borderless World) para imaginar e discutir o que poderiam ser “identidades sem fronteiras”.
Na introdução à sua apresentação, James Wan escreve:
“Ao mesmo tempo que os Estados, a nível global, aumentam o controle das suas fronteiras – uma tendência que se irá intensificar com a crescente proliferação dos regimes autoritários e a perspectiva iminente do colapso climático – a dimensão da diáspora de África e dos seus descendentes está a aumentar e, simultaneamente, a mudar.
Esta é agora uma diáspora mais diversa e difusa do que nunca e as identidades dos seus elementos mais fluída e complexa. Alguns continuam a ser migrantes de África mas muitos mais são filhos ou netos de antigos migrantes. Alguns continuam a ser cidadãos dos seus paises de origem mas outros são cidadãos dos seus países de acolhimento. Alguns identificam-se com uma cultura, outros com duas ou três, outros com nenhuma.
Estes dados colocam questões interessantes ao conceito de “identidade africana”. O que acontece a este conceito quando ele é filtrado através de duas ou três gerações? O que lhe acontece quando viaja através de longas distâncias e se funde com outros conceitos seja através de casamentos, miscegenações ou por efeito de mera proximidade? Onde começa e acaba a “identidade africana”? A que se assemelha quando vista das suas periferias?
O exercício de pensar a utopia de “mundo sem fronteiras” (como o faz Achille Mbembe) implicará então também imginarmos “identidades sem fronteiras”. A existência de uma população em crescimento acelarado em todo o mundo pode fornecer-nos estudos de caso em torno de questões como a de se saber estas “identidades” são possíveis ou desejáveis e o que poderão significar para as solidariedades e conexões globais”.
James Wan estudou na universidade de Cambridge e na London School of Economics (LSE). Antes de assumir o cargo de Editor da African Arguments, foi anteriormente editor da revista African Business e da Think Africa Press.
Tem colaborado com diversas organizações de media como a Al -Jazeera, a BBC, a IRIN e o jornal britânico The Guardian. Foi um dos autores incluídos na colectânea Africa’s Media Image in the 21st Century (Routledge) e colabora no China-Africa Reporting Project da Wits University (África do Sul).
Em 2013, foi um dos finalistas da International Development Journalism Competition, competição organizada pelo jornal The Guardian.
A intervenção de James Wan na Conferência do MFF 2019 – que irá ocorrer na Fundação Fernando Leite Couto – terá lugar a 11 de Outubro.