Interesse pela arte contemporânea de África ainda sem expressão significativa no mercado global
Apesar do crescente interesse pela arte contemporânea de África, o continente tem ainda uma expressão muito reduzida em termos do mercado global da arte contemporânea. De acordo com o relatório 2018 Art Market Report, elaborado pela Art Basel e o UBS Bank, África e a América do Sul juntas representam apenas 4% do valor global das vendas mundiais.
Os dados relativos ao ano transacto indicam que houve um crescimento de 12% no mercado global da arte contemporânea. No entanto, o mercado continua a ser dominado pelos Estados Unidos, a China e o Reino Unido (com 83% do valor global transaccionado).
Um dos dados interessantes apontados no relatório – e que é corroborado também por um outro relatório, o Knight Wealth Report – é que o mercado da arte contemporânea tem sido sobretudo impulsionado, em anos recentes, por compradores que vêem na arte um “activo financeiro” particularmente atractivo.
A influência destes compradores no mercado é cada vez mais decisiva e explica, em parte, a razão pela qual a China ocupa hoje uma posição tão expressiva no mercado global. Estes compradores, designados por HNWI (High Net Worth Individuals), cujos activos pessoais ultrapassam um milhão de dólares e sobretudo, os VHNWI (Very High Net Worth Individuals), com activos superiores aos cinco milhões de dólares, têm ainda em África uma expressão reduzida (10%) o que explica, em parte, porque o continente ainda não tem um peso significativo no mercado global da arte.
Na verdade, na lista dos 200 coleccionadores mais importantes a nível mundial, apenas um é de África: Jochen Zeitz, cujo nome está hoje associado ao MOCAA (Museum of Contemporary African Art) em Cape Town, na África do Sul. Os maiores detentores de arte contemporânea em África continuam a ser os coleccionadoresinstitucionais.
Assim, e apesar da arte contemporânea de África estar hoje no centro das atenções globais, em termos de mercado, a sua afirmação ainda é muito limitada. Mas, de acordo com o relatório, é expectável que os próximos anos tragam um crescimento significativo tendo em atenção o florescimento de feiras e bienais exclusivamente dedicadas à arte contemporânea de África.
(Imagem de topo da página da autoria de Girma Berta)