ARTE & CULTURA
“Hello World”: lançado primeiro álbum produzido por programa de Inteligência Artificial
No final de 2017, Taryn Southern lançou o seu primeiro álbum, I Am AI. O que deu notoriedade ao disco foi sobretudo o facto deste ter sido integralmente produzido com um software de Inteligência Artificial (IA) obtido através da Amper Music, um serviço on-demand especializado em programas de IA para qualquer tipo de conteúdo musical.
Taryn Southern introduziu no programa uma série de variáveis (duração, tempo, ritmo, etc.) e depois deixou que o programa fizesse a composição. após o que procedeu a uma série de reestruturações do material produzido.
Apesar de ter sido publicitado como o primeiro álbum a ser concebido e produzido através de um programa de IA, essa “distinção” correspondeu mais a uma operação de marketing do que outra coisa.
Na verdade, “Hello World”, o álbum de SKYGGE ( o projecto de Benoit Carré e François Pachet), que acabou de ser editado no passado dia 12 de Janeiro, pode ser, este sim, considerado o verdadeiro “fundador” de um novo modelo conceptual, criativo e produtivo em que a IA é a matriz central.
François Pachet, um cientista francês na área da IA, esteve durante duas décadas ligado à Sony onde desenvolveu o projecto Flow Machines (que foi “apropriado” para a produção de “Hello World”) criou uma parceria com o compositor Benoit Carré e os dois juntos conceberam o projecto SKYGGE.
Para o álbum “Hello World”, François Pachet e Benoit Carré convidaram uma série de músicos (como o cantor folk canadiano Kyrie Kristmanson e os belgas The Bionix, entre outros) e, usando os algoritmos da tecnologia “Flow Machines” criaram 15 músicas “pop” que agora podem ser ouvidas em “Hello World”.
No entanto, muitas outras experiências musicais, usando IA, estão neste momento a a ocorrer. Refira-se, apenas a título de exemplo, o primeiro disco dos DADABOTS que foi concebido com base numa rede neural, a qual se inspirou na banda heavy metal Krallice. Ou ainda, a apresentação ao vivo feita, recentemente, pela Hollywood Symphony Orchestra de uma obra gerada por um sistema de IA.
Para ter uma ideia da ambição que está a mover muitos criativos nesta área, veja-se, por exemplo, o trabalho que está a ser desenvolvido pela empresa Aiva e que é objecto do primeiro episódio da série documental “I AM AI“.
Pode ler também aqui uma interessante entrevista dada por François Pachet ao jornal brasileiro “Folha de S.Paulo”. Para uma análise mais aprofundada sobre o impacto da IA no futuro da indústria musical leia aqui.