Em 1455, Enea Silvio Bartolomeo Piccolomini , que três anos mais tarde se tornaria o Papa Pio II, estava em Frankfurt para ver a primeira edição da Biblia impressa por Gutemberg. Escrevendo ao cardeal Juan Carvajal, o futuro Papa sublinha o facto de o texto “estar muito claro e legível”, de tal forma que o cardeal iria conseguir lê-lo sem dificuldade e até mesmo “sem usar os seus óculos”.

A revolução desencadeada por Gutemberg pode, no entanto, ser também considerada, de certa forma, como o início do design gráfico. Daí que o livro “Graphic: 500 Designs That Matter” (publicado recentemente pela editora Phaidon) evoque esse momento matricial ao estabelecer uma cronologia do design gráfico mesmo antes desta disciplina existir.

 

 

Mas, como tem sido notado por várias análises a esta obra, o que torna “Graphic: 500 Designs That Matter” uma obra verdadeiramente notável é a capacidade de estabelecer inter-relações tão profundas quanto inesperadas entre conceitos gráficos separados por décadas ou milénios. Isso torna-se evidente, por exemplo, quando justapõe o desenho da suástica nazi (1920) com os icones do primeiro Macintosh da Apple (1984) ou, de forma ainda mais surpreendente, o texto “Buljo Jikji Simche Yojeol”, impresso em 1377, por monges budistas, com a obra de Paul Rand, de 1947, “Thoughts on Design”.

 

 

Organizado por uma equipa internacional de criticos, historiadores, designers, etc. “Graphic: 500 Designs That Matter” é um “compêndio” de características únicas e um desafio às convenções instituídas no que toca à análise e compreensão das artes visuais.