Giselle Beiguelman, artista e professora da Faculdade de Arquitectura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, no Brasil, autora de, entre outros livros, Políticas da imagem: vigilância e resistência na dadosfera (2021) e Memória da amnésia: políticas do esquecimento (2019), e colaboradora regular da revista ZUM, reflecte, no último número desta publicação, sobre como o Tik Tok – “a mais maquínica das redes” – representa um salto qualitativo em direcção a uma “formatação padronizada de perspectivas” e a um “monopólio do olhar” interrogando-se sobre “que tipo de imaginação (estética e política) será possível a partir desse monopólio do olhar”.
Tomando como referência o conceito de “sociedade disciplinar” de Michel Foucault, Giselle Beiguelman escreve: “a sociedade disciplinar de hoje não passa mais pela adequação da força dos corpos à fábrica, e sim às redes, incidindo no regramento da produção e circulação de imagens para disciplinar o olhar. Esse regramento não se circunscreve à Internet. Seus meandros remetem à cadeia produtiva que envolve das câmeras, cada vez menos dependentes de lentes e de sensores e mais de Inteligência Artificial, aos programas de processamento de imagens e os canais por onde escoam. Em conjunto eles respondem e modelam a formatação padronizada de perspectivas, de cores e de pontos de vista que nos condicionam ao uso e às diretrizes da “superindústria do imaginário”, título e tema do excelente livro de Eugenio Bucci (Autêntica, 2021). Nesse contexto, fica claro que se o século 19 criou as regras para amestrar os corpos dóceis, as redes sociais consolidaram as normas dos olhares dóceis. Que tipo de imaginação (estética e política) será possível a partir desse monopólio do olhar?”
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