GIF's: da web para os museus e galerias de arte contemporânea
Em 2014, a revista Artnet dedicava um longo artigo a este nova forma de expressão criativa e interrogava-se se alguma vez ela seria aceite pelo “sistema” da arte contemporânea (tendo em atenção o recorrente conservadorismo dos museus e das galerias perante a “arte digital”). A questão colocada pelo artigo surgia, no entanto, na sequência de algumas iniciativas que pareciam indicar uma timida mudança de atitude perante a crescente popularidade dos GIF’s (acrónimo de Graphic Interchange Format).
Com efeito, a Rhizome (uma plataforma pioneira no domínio da arte digital) tinha particiapdo, em 2011, no consagrado Armory Art Show (Nova Iorque) e vendido uma série de GIF’s durante o evento. Um ano depois, uma galeria de arte – a Klausgallery – que criara, entretanto, um espaço online para projectos digitais, lançava um conjunto de GIF’s da autoria de Nicolas Sassoon. (O trajecto de Nicolas Sassoon revelar-se-ia, aliás, como um dos mais interessantes da actualidade pois tendo partido de uma abordagem minimalista, em termos de GIF’s – como se pode observar na imagem que encima este post – tem feito inúmeras intervenções, de grandes dimensões, em espaços públicos e realizado exposições individuais que assumem aspectos “conceptuais” que o colocam num patamar claramente distinto de outros artistas seus contemporâneos).
Nicolas Sassoon
No entanto, foi a súbita proliferação de uma série de eventos (“art parties”), dinamizados sobretudo por plataformas online como a Sheroes, que começaram a trazer os GIF’s para o circuito das galerias. Até que, em 2014, a Tate Modern (UK) incluiu os GIF´s de numerosos artistas na iniciativa “Art Meets Film: Moving Image” e, posteriormente, resolviu adquirir alguns para a sua própria colecção de arte contemporânea.
Até que ponto a “GIF Art” entrou (ou não) num processo de legitimação pelo “sistema” da arte contemporânea, é uma questão que ainda não tem resposta clara (e, para alguns dos artistas envolvidos, essa legitimação nem é sequer desejável).
O facto é que, com a proliferação de espaços online exclusivamente dedicados à “GIF Art” (como o GIPHY) e a sua crescente presença em várias redes sociais, as exposições offline se têm multiplicado. Em 2015, a GIPHY organizou, em Nova Iorque, a maior do género, intitulada “Loop Dreams”, e volta agora, em 2017, com o projecto “Surface” (na Mana Contemporary, em New Jersey (EUA), de 21 de Janeiro a 31 de Maio) em que participam, entre outros, Thoka Maer, Zolloc e Sam Cannon.
Thoka Maer
Zolloc
Sam Cannon
Este interesse pela “GIF Art” tornou-se, entretanto, global e inúmeras iniciativas ocorridas ao longo de 2016 são disso um bom testemunho. Para citar apenas um exemplo, refira-se a exposição organizada em Junho passado pela KnexT Art Gallery em Cape Town, na África do Sul, intitulada “Inrealife.gif” e que inclui, entre outros, trabalhos de Gerard Human e Stuart Zeneka.
Gerard Human
Stuart Zeneka