``The Foxy Five``: uma mini-web-série contra o sexismo na sociedade sul-africana
Lançada em Novembro do ano passado, a mini-série retrata a relação de cinco amigas e o seu posicionamento face ao sexismo dominante na sociedade sul-africana. Adoptando uma estética que remete, de algum modo, para os filmes da “Blaxploitation”, surgidos nos Estados Unidos na década de 70, as cinco amigas representam, cada uma delas, um arquétipo feminista elevado a um nível quase caricatural: a hippie, a intelectual, a pan-africana, a revolucionária e a sexualmente libertária.
Jabu Nadia Newman
Misturando uma dimensão “activista” com uma outra mais “pedagógica”, a mini-série procura abordar uma variedade de temas: o sexismo e o assédio sexual, o patriarcado, as problemáticas do genéro e da diversidade sexual, os privilégios de classe e ainda o chamado mansplaining (contracção das palavras “man” e “explain”) e que se refere às situações em que um homem procura “explicar” a uma mulher algo sobre um assunto que lhe diz respeito e sobre a qual ela tem mais conhecimento e legitimidade para se exprimir.
A série toma como referência conceptual a ideia do “feminismo interseccional”, desenvolvido pela feminista norte-americana Kimberlé Crenshaw no início dos anos 90 e que procura analisar os diferentes tipos de opressão (raça, classe, género, sexual) com que se confrontam os individuos.
“Criei a “Foxy Five” para a a jovem geração, para que ela possa perceber o que é a interseccionalidade mesmo não sendo feminista – explica Jabu Nadia Newman – o importante é que ela possa reconhecer e identificar as situações no seu próprio quotidiano”. E acrescenta: “ Gostaria que a série fosse vista pelas jovens que não têm possibilidade de ler ou estudar este tipo de conceitos”.
Num momento em que se têm vindo a manifestar inúmeras tensões sociais e políticas, o sucesso da série junto da nova geração de millenials sul-africanos, reforça essa ideia de “crise” que parece atravessar a sociedade. Uma crise na qual, no entanto, parecem despontar novas formas de activismo. Com efeito, o projecto da série só foi possível avançar através de uma campanha de “crowdfunding” já que o investimento inicial só permtiu a realização do primeiro episódio. Foi depois do seu lançamento no “You Tube”, e da repercussão positiva que teve, a campanha conseguir mobilizar os meios necessários à realização dos episódios subsequentes.