Ferramentas de geomapeamento ajudam jornalistas a investigar o tráfico de vida selvagem em África
O comércio ilegal de animais selvagens não tem cessado de aumentar. De acordo com os dados disponíveis este tráfico é estimado, actualmente, em 23 biliões de dólares anuais. Face à timidez de muitos governos em intervir, de forma sistemática, neste mercado ilegal, as denúncias têm surgido, sobretudo, por parte de organizações não-governamentais e jornalistas ambientais.
Na mais recente Conferência de Jornalismo de Investigação em África – organizada pela Universidade de Witwatersrand na África do Sul – foram apresentadas algumas ferramentas inovadoras que têm permitido aos jornalistas detectar e investigar estes crimes contra a fauna e o meio ambiente.
Uma das intervenções mais importantes na Conferência foi a de Fiona McLeod, fundadora e directora da Oxpeckers – Center for Investigative Environmental Journalism uma organização que se dedica à investigação jornalistica no domínio ambiental e é considerada a mais sólida unidade de investiigação neste domínio em África.
Uma das características mais interessantes da Oxpeckers é que tem desenvolvido ferramentas específicas para ajudar os jornalistas nas suas investigações. Uma delas é a Rhino Poach Tracker, uma ferramenta que agrega estatísticas sobre incidentes de caça furtiva de rinocerontes na África Austral a partir de dados colectados em tribunais, agências governamentais, etc. para além de recorrer ao web scraping para agregar também todo o tipo de informação relevante que lhe possa estar associada. Os dados são apresentados de forma acessível e interactiva.
Esta ferramenta, por ser de código aberto, pode ser facilmente adaptada por organizações e jornalistas de outros países e regiões. A colaboração da Oxpeckers com organizações similares na Ásia e na Europa tem-lhe permitido desenvolver e adpatar outras ferramentas de geomapeamento que se tem mostrado muito relevantes no seu trabalho de investigação jornalistica.
(Imagem topo de página: Kevin Folk via Unsplash)