``Document Women``: a publicação independente que quer dar voz às mulheres na Nigéria
A discriminação de gênero está enraizada na história da Nigéria. O país ocupa a posição 128 de um ranking com 153 nações que mede a disparidade de gênero, segundo relatório de 2020 do Fórum Econômico Mundial. As mulheres contribuem em casa e no mercado de trabalho, apesar de todos os sectores serem dominados por homens. Elas se. O apagamento das mulheres é efetivamente uma forma de discriminação.
Criada no país mais populoso da África, a jornalista, realizadora e escritora Kiki Mordi (na imagm do topo da página) testemunhou o quanto as contribuições das mulheres para a sociedade vinham sendo desprezadas. Diante da gravidade do actual apagamento do impacto das mulheres, Mordi se perguntou o quão pior isso foi no passado, especialmente na época pré-internet. Tendo isso em mente, Mordi se sentiu inspirada a criar a Document Women, uma iniciativa de mídia que fornece aos leitores o conhecimento necessário para lutar pela igualdade de gênero.
“Eu sou uma contadora de histórias e queria criar o meu próprio veículo de mídia. Eu sei que essa é uma história que sou sempre inclinada a contar — histórias de mulheres e a minha paixão por batalhar contra o apagamento delas“, diz.
A publicação online Document Women combate o apagamento das contribuições de mulheres para a sociedade no passado e no presente. Ela amplifica as vozes femininas, informa sobre os desafios que elas enfrentam e reconhece os impactos que elas têm na sociedade. O projecto também defende mulheres vítimas de abuso, conectando-as a organizações de apoio.. A plataforma ainda ajuda mulheres a conseguirem oportunidades de emprego.
A Document Women empenha-se em destacar histórias que não aparecem no principais meios de comunicação. A secção “Arewa Voices“, por exemplo, apresenta histórias de mulheres do norte da Nigéria, com artigos que já trataram, entre outros, da realidade da mutilação genital feminina e como é o Natal para mulheres cristãs da região.
A secção “Working Womxn” lança luz sobre conquistas de mulheres da classe trabalhadora do país, e a cobertura vai além das fronteiras da Nigéria na secção “Iconic Women“, que tem artigos que reconhecem as conquistas de mulheres em diferentes áreas. A secção DW Pride promove a diversidade de gênero ao contar histórias de pessoas LGBTQ+. Este tipo de artigos e reportagnes são difíceis de encontrar numa sociedade conservadora como a nigeriana e frequentemente geram reacções violentas.
Mordi e sua equipa tiveram que superar obstáculos, como corrupção e dificuldades no fornecimento de energia eléctrica no lançamento da Document Women. A carência de dados representativos sobre os nigerianos, especialmente sobre as mulheres, também é um desafio para a redacção.
“Queremos números para sustentar nossas investigações e afirmações. Descobrimos que os dados são escassos e não são representativos [das mulheres nigerianas]”, diz Morid.
Mordi espera transformar a Document Women numa publicação grande e lucrativa, capaz de competir no ecossistema dos media da Nigéria.
Mordi e sua equipe têm planos ambiciosos para expandir a missão da Document Women. Elas esperam converter a plataforma em uma incubadora para outras start-ups que dão apoio a mulheres na tecnologia, política e outras áreas.