Corpo, moda e tecnologia
Às pequenas empresas pioneiras vieram agora juntar-se “pesos pesados” como a Chanel, a La Roche, a Levi’s ou a Nike (como foi possível de comprovar, por exemplo, na última edição da Paris Fashion Week). Não esquecendo, claro, o forte investimento que empresas tecnológicas como Google (como veremos mais adiante) ou a Intel vêm fazendo.
Aqui fica, de seguida, uma pequena selecção, de algumas destas “tecnologias vestíveis” (“wearables”) apresentadas não apenas durante o festival WeAr mas que receberam, ao longo de 2016, a atenção dos media.
ALTRUIS
A Vinaya – uma start-up criada pela britânica Kate Unsworth, – é uma dessas empresas pioneiras no desenvolvimento de acessórios de moda que incorporam componentes tecnológicas.
A colecção “Altruis” é construída por uma série de acessórios (colares, anéis, braceletes, etc.) que “vibram” discretamente quando o telemóvel toca. Através de uma aplicação previamente instalada no telemóvel é possível filtrar quais as chamadas que necessitam de resposta imediata e, dessa forma, restringir o nível de “ruído” digital (sobretudo em situações sociais em que a “intrusão” pode ser embaraçosa ou inconveniente). A Vinaya está actualmente a desenvolver um novo projecto – Zenta – que irá integrar nas várias peças informação biométrica produzida pelo corpo do utilizador.
Com uma abordagem semelhante, vale a pena destacar o Ringly, um modelo de anel com variantes de pedras semi-preciosas e possibilidade de interligação com diversas apps (Facebook, Instagram, etc.).
THE UNSEEN
Baseada também em Inglaterra, The Unseen é outra das start-ups que mais se tem destacado na concepção de roupas e acessórios de base tecnológica. Um dos projectos mais interessantes foi desenhado para os famosos armazéns londrinos Selfridges e consistiu numa linha de produtos que mudam de cor e tonalidade de acordo com o meio ambiente (alterações de temperatura, exposição ao sol, etc.) ou reagem mesmo aos “estados de espírito” do seu utilizador (maior ou menor stress induzem colorações diferentes nos acessórios usados).
LEVI’S COMMUTER (Projecto Jacquard)
A aparência é a de um vulgar blusão Levi’s mas, de facto, este blusão desenvolvido pela marca em colaboração com a Google é tudo excepto “vulgar”. Concebido inicialmente para os que usam a bicicleta como meio de transporte urbano, o material do blusão está entretecido de vários dispositivos electrónicos que permitem ao utilizador, mediante a simples manipulação de um botão colocado num dos punhos do blusão, accionar vários comandos do telemóvel por forma a aceitar (ou rejeitar) chamadas, seleccionar música, aceder a informação GPS, etc. O próximo passo será agora produzir umas calças Levi’s com um interface “touch screen” que utilizará a mesma filosofia.
NIKE HYPERADAPT
Para quem se lembra da série de filmes “Back to the Future”, com Michael J. Fox, produzidos no final da década de 80 do século passado, recordar-se-á como o personagem interpretado pelo actor, ficava perplexo quando, numa das suas viagens ao “futuro”, descobria que existiam uns ténis que não precisavam de atacadores pois esse processo se fazia de modo automático.
Agora, várias décadas depois, a Nike criou uns ténis que são a “réplica” exacta dessa ideia fantasiosa e anunciou o seu lançamento para este mês de Dezembro nos Estados Unidos.
SPECTACLES
Ao contrário dos óculos da Google, cuja estética remete para um imaginário cyborg, o Spectacles da Snapchat optou por um modelo assumidamente fashion, capaz de se integrar de forma discreta nas escolhas de vestuário do dia-a-dia. Menos ambicioso do ponto de vista tecnológico que os Google Glasses, o certo é que talvez essa “simplicidade” lhe tenha dado, para já, na opinião de alguns analistas, alguma vantagem de mercado. Com duas pequenas câmaras de vídeo embutidas nas hastes, os óculos permitem gravar pequenos vídeos e enviar essas imagens, de imediato, para a rede social.