Como o Instagram está mudar o turismo em África
E à medida que as suas plataformas se tornam mais conhecidas e ganham a adesão de uma nova geração de “viajantes”, a indústria turística tradicional começa a sentir os efeitos dessa “disrupção” nos seus modelos de negócio.
Cheraé Robinson, fundadora da Tastemakers Africa, sempre sentiu que a maior parte da oferta turística relativa ao continente africano se mantinha, há muito, presa de esquemas convencionais e repetitivos.
Tendo trabalhado durante vários anos numa organização interncional que lhe permitiu conhecer, a fundo, cidades como Nairobi, Jonesburgo, Freetown ou Lagos, Cheraé Robinson percebeu que havia uma dinâmica cultural e criativa nessas cidades que a oferta turistica tradicional ignorava por completo.
Em Dezembro de 2014, Cheraé Robinson e a sua amiga sul-africana Stephanie O’Connor lançaram o projecto Tastemakers Africa.Uma das primeiras iniciativas nasceu com base na comunidade que se tinha criado, entretanto, através da sua página no Facebook e chamou-se “December in Ghana”.
O sucesso da iniciativa levou a iniciativas idênticas na Nigeria, no Senegal, na África do Sul, em Marrocos e no Zanzibar. O Instagram deu ainda maior impulso ao projecto e, em 2017, as duas sócias querem avançar para um modelo de negócio semelhante ao da Airbnb.
Também a camaronesa Diane Audrey Ngako, que criou a startup Visiter L’Afrique, percebeu que o Instagram era a plataforma ideial para desenvolver um novo conceito de turismo em África.
Ngako, que recentemente foi incluída na lista das 30 empreendedoras (com idades abaixo dos 30 anos) mais interessantes em África pela revista norte-americana “Forbes”, tem usado a rede social não apenas como catalizador para a sua iniciativa mas também como uma forma de mudar a percepção que se tem do continente e que é ainda dominante nos media internacionais. O livro que a “Visiter L’Afrique” acaba de publicar, “They Call It Africa, We Call It Home ”é, nesse sentido, um bom exemplo.
Mas talvez um dos pontos mais interessantes que vale a pena sublinhar – e que é referido por todas estas novas startups – é que o seu crescimento não se tem verificado apenas em resultado de um aumento de turistas provenientes de outros continentes.
Pelo contrário, todas eles sublinham que tem havido um aumento significativo de turistas que provêm dos mais diversos pontos do continente e evidenciam o facto de haver, sobretudo entre as novas gerações, um claro desejo de conhecer e ligar-se ao que de mais interessante está a acontecer em África.