Apesar do aparecimento de novas e mais modernas salas de cinema – como as da Lusomundo e, mais recentemente, NuMetro – e a importância de eventos como o Festival de Cinema Kugoma e o Ciclo de Cinema Europeu, o consumo de cinema ainda é muito insuficiente na cidade Maputo.
Por outro lado, também a produção cinematográfica e aquelas infra-estruturas que normalmente integram a “indústria do cinema” têm sido afectadas nos últimos anos.
Desde os constrangimentos, cada vez maiores, à produção de filmes (como, por exemplo, a subida das taxas para a obtenção de licenças para filmar na cidade) até à falta de um arquivo (funcional) de conteúdos já produzidos em Moçambique, que possam servir de referência para futuros realizadores, passando pelo difícil acesso ao pouco conteúdo existente, tudo parece se conjugar no sentido de desincentivar a produção cinematográfica.
Se a isto juntarmos o facto de antigas salas de cinema estarem cada vez mais a serem fechadas ou cedidas para dar espaço a igrejas e outras actividades privadas, poderemos concluír que a “cultura do cinema” parece estar a desaparecer da cidade.
O Estúdio 5, um colectivo de jovens arquitectos Moçambicanos, está apostado em fazer reviver a cultura de cinema, encorajar a produção de novos conteúdos cinematográficos e proporcionar espaços para o seu consumo.
Uma das suas mais estimulantes iniciativas é o Maputo Cinema Festival. O mais interessante desta sua proposta é a forma como abordam a questão do “espaço” , aliando a paixão pelo cinema à problemática da falta e má utilização dos espaços públicos já existentes na cidade de Maputo.
As suas ambições não passam, necessariamente, por construir novas salas de cinema mas sim em usar espaços públicos já existentes, e ineficientemente utilizados, e adaptá-los de modo a que o cinema possa ser consumido nesses espaços, mudando assim a relação que os cidadãos têm, tanto com o cinema, como com o espaço em uso e, por extensão, com a cidade no geral.
Tendo organizado até agora três Sessões Experimentais de Cinema nos últimos dois anos – em que utilizaram espaços públicos não convencionais e os tornram em salas de cinema abertas ou semi-abertas, querem agora avançar para a 1ª edição do Maputo Cinema Festival em 2020.
Sentámo-nos com Ana Raquel e Wilford Machili, membros fundadores do Estúdio 5, nas véspera da 3a Sessão Experimental de Cinema, para falar da cidade, do cinema e muito mais…
Filomena Mairosse: O que é o Maputo Cinema Festival?
Ana Raquel: O Maputo Cinema Festival é uma intervenção urbana. A nossa ideia é usar espaços urbanos abandonados, deixados de lado e ignorados, como contraponto à situação do cinema em Maputo, que está um caos. Só temos 7 salas de cinema e as salas que ainda existem estão cada vez mais a ser cedidas para igrejas ou a tornarem-se espaços privados.
Wilford Machili: O teatro Scala é um deles. O cinema Charlotte já foi igreja durante um bom tempo e agora não está nada a acontecer lá.
Ana: O cine-teatro Gil Vicente também não está activo. Já não funciona como cinema há décadas. Essas cedências das salas de cinema, essa inexistência de um cinema constante, faz com que a cultura de ir ver filmes esteja distante de nós. Então, o Maputo Cinema Festival é, na verdade, uma resposta a esse problema. É tipo uma rebeldia – se não há salas de cinema, vamos para a rua! – e aliamos isso à questão de usar espaços que estão a ser esquecidos ou que não estão a ser utilizados como podiam ser utilizados.
Filomena: Eu lembro-me que a vossa 1ª sessão [experimental] foi no Miradouro. Como é que vos veio a ideia de usar aquele espaço em particular?
Ana: O Stair Cinema!
Wilford: A nossa cidade já tem má fama por não termos espaços públicos decentes e quando existem são aquela cena toda que nós já vimos: a transformação de uma coisa útil numa coisa completamente inútil. Então, quando vimos o Stair Cinema, nós pensámos: this is cool. E decidimos fazer um festival que não fosse só um festival. Pensámos em como é que poderíamos transformar aquela ideia que nós vimos numa coisa que fosse útil, que pudesse revolucionar alguma coisa, e daí é que veio a ideia do festival. Tínhamos que encontrar espaços como aquele que vimos nas imagens do OH.NO.SUMO e encontrar, dentro da nossa cidade, espaços que pudessemos transformar em salas de cinema temporárias.
Filomena: Não imaginam a minha raiva quando transformaram metade do [Circuito de Manutenção Física António] Repinga em [parque de] estacionamento!
Ana: Há coisas que acontecem nesta cidade… E é por isso que temos também um outro projecto, o 5 Club. Vamos fazer uma sala de cinema fixa na Feira Popular de Maputo!
Wilford: Pouco a pouco, as pessoas vão tirando um pedaço da Feira para fazer alguma coisa que não é útil, que é tudo menos feira. Então a ideia da sala de cinema ali é praticamente a mesma ideia do festival de cinema e lá queremos, principalmente, criar uma base de dados [do cinema nacional], que é o trabalho que o INAC (Instituto Nacional de Audiovisual e Cinema) devia estar a fazer. E sentimos que ter uma sala de cinema assim é muito mais eficiente porque desta forma podemos pegar nessas taxas que estão a ser cobradas aos filmmakers, sem que se receba apoio nenhum dessas instituições, e usá-las para devolver alguma coisa aos filmmakers. Que tenham, no mínimo, uma base de dados e um local onde o possam ir expôr os seus filmes. Mas, voltando ao espaço da 1ª sessão experimental, o Miradouro pareceu-nos o espaço ideal porque podíamos fazer algo numa escada pequena, que não chamasse muita atenção.
Filomena: Porque é que não queriam que chamasse muita atenção?
Ana: Medo.
Wilford: Ya. Acho que era medo. Queríamos cometer o maior número de erros que pudéssemos cometer, sem alguém nos apontar o dedo. Desde que o projecto começou até hoje que está a ser feito com o nosso próprio suor. Todo o dinheiro investido é nosso. por outro lado, a criatividade no design dos tickets, o encontrar os filmes…tudo isso são coisas muito intuitiva, pessoais, e para nós é tudo muito sensível.
Filomena: Eu lembro-me de que na 1a sessão, vocês criaram aquela estrutura com bambú e tela. Porquê? Podiam simplesmente ter usado a escada como ela era. Era noite, já estava escuro. Era só pôr uma tela ali e projectar o filme. Porquê se darem ao trabalho de colocar lá uma estrutura?
MAPUTO CINEMA FESTIVAL (1ª Sessão)
Ana: Não sei se é devido a esta nossa ligação à arquitectura mas achamos sempre bom fazer uma intervenção urbana. Queríamos que a sala de cinema participasse na urbe, então, fizemos uma caixa meio que translúcida em que o filme pudesse ser projectado e, do lado de fora, tu podias ver que algo estava a acontecer. Acreditamos na importância de nunca privatizar um espaço, por mais que esteja fechado.
Filomena: E a 2ª sessão foi naquele espaço abandonado…
Wilford: Em frente ao Ministério do Interior…
Filomena: O chamado “4º Andar”, não é?. Mas o que era aquele prédio?
Ana: Aquilo ficou assim inacabado no contexto daquele processo das “24 horas”, a seguir à independência. Parece que estava em construção e, quando o [presidente] Samora exigiu que os Portugueses fossem embora do país em 24 horas, o edifício ficou tal qual estava…
Filomena: Então aquilo existe desde essa altura?
Ana: Sim. Tentaram umas renovações…
Wilford: O Arquitecto João Tique, não é?
Ana: Sim. Renovaram o betão mas a obra depois parou. Acho que isso foi também há uns 20 anos e até então aquilo nunca mais foi mexido. Ficou sob tutela do Ministério do Interior e eles é que estão a gerir o espaço agora. Nós trabalhámos juntos com eles e com o Município para fazer acontecer ali a 2ª Sessão.
A 3a Sessão Experimental de Cinema, teve lugar a 28 e 29 de Abril últimos, na escadaría do Concelho Municipal de Maputo.
Para além de contar com duas longas-metragens, Me, Earl and the Dying Girl, do realizador americano Afonso Gomez-Rejon, e Comboio de Sal e Açúcar do realizador moçambicano Licínio de Azevedo, foi adicionada uma nova dinâmica àquilo que era o costume das sessões com a passagem de uma impressionante lista curtas-metragens de jovens e aspirantes realizadores nacionais (Kuxa Kanema produzida pelo INAC, Kinesis, de Yuran Khan, Criança de PIZZAW/PINEAPLES, Toss “Gang” de Edinilson Bila e Number One de Evaristo de Abreu) e algumas curtas internacionais (First Kiss de Tatia Pilieva e Private Screener 3 de Muse).
Com o objectivo de expandir as sessões, não só em termos de tamanho – estava projectada para esta sessão a participação de cerca de 320 pessoas – mas também em termo de experiências, esta sessão contou também com actuações musicais de PIZZAW/PINNEAPLES, Hersha, Iron Br11, TRKZ e Wilford Machilli, a introdução do Maputo Cinema Beats, uma extensão deste ramo musical, uma arena de skateboarding e mais. Para além da logística de organizar um evento desta natureza, um aspecto interessante é definir quais os critério determinam o que se vai mostrar e porquê.
Filomena: Qual é a parte mais difícil no processo de encontrar os filmes?
Wilford: Acho que esta foi a primeira vez que ficou difícil encontrar filmes. É assim, nós não escolhemos os filmes porque abraçam uma causa social ou algo assim.
Ana: Escolhemos filmes que nos tocam. O que nós procuramos nos filmes é que eles toquem causas mais humanas, causas que nos únem, que são sentimentos que todos nós temos.
Filomena: Mas têm tido dificuldade em arranjar os filmes?
Ana: Para termos uma ideia muito concreta do que é realmente organizar uma sessão de cinema temos feito tudo certinho e engolido todos os sapos necessários. Na primeira sessão tivemos um problema danado porque Life in a Day, o filme que iamos mostrar, não tinha autorização para passar em África, mas tínhamos um contacto de um senhor que tem um festival e que podia dar-nos essa licença.
Wilford: O problema daquele filme foi que ele estva na tutela do National Geographic. Nós mandámos um email para o National Geographic, eles não responderam. Quando conseguimos contactar alguém, o responsável pelo filme disse que eles também não podiam dar-nos a licença porque não davam licenças cá para Moçambique. Mas encontrámos alguém responsável por licenças em África que finalmente nos disponibilizou a licença.
Ana: Na 2ª sessão foi Wasteland…
Filomena: Que acabava de passar no CCBM (Centro Cultural Brasil-Moçambique)…
Ana: Eles tinham o filme e apoiaram-nos dessa forma. Para esta sessão, contactámos a Rungano Nyoni, a realizadora do filme I Am Not a Witch, que queríamos passar.
Wilford: O problema é que filmes que nem esse, que acabaram de ser lançados, primeiro preferem fazer dinheiro com festivais. Ela ganha muito mais dinheiro quando vende para um festival do que para um screening.
Filomena: É por isso que os filmes levam uma eternidade até saírem nos cinemas porque eles têm de fazer as rondas nos festivais e só depois é que há a estreia comercial. Foi o que aconteceu com o Comboio de Sal e Açúcar. Estava pronto, foi lançado nos festivais em 2016, mas só no ano passado é que estreou nos cinemas. Como é que tem sido a experiência de lidar com as burocracias de fazer as sessões acontecerem?
Ana: Eu acho que o segredo é acreditar na tua missão, colocar as perguntas certas e fazer exactamente o que tem de ser feito para que as sessões acontecem.
Filomena: Como é que é isso de fazer as perguntas certas?
Ana: Vais ao município e perguntas: eu queria usar este espaço, queria fazer isto, o que é que eu preciso fazer? Com o Concelho Municipal, por exemplo, precisamos de ter sempre muita paciência… Na 1ª sessão tivemos que adiar a data muitas vezes porque levou muito mais tempo do que esperávamos para ter uma resposta [do município].
Filomena: Para ter resposta?
Ana: Para ter resposta, sim. Resposta esta que podia até ser ‘não’…
Evaristo de Abreu (outro membro da equipa): Para a 1ª ssessão foram 3 meses…
Ana: Ya. 3 meses.
Wilford: A 1ª sessão era suposta ser em Abril. Mas só aconteceu em Agosto.
Ana: A 2ª sessão parecia que ia ser um pouco mais complicada mas acabou por ser mais simples, porque era um prédio onde eles já tinham visto alguma coisa a acontecer. Metemos a carta e a resposta apareceu… e foi ‘sim’.
Filomena: A primeira pessoa a bater à porta é sempre a pessoa que vai ter a maior dor de cabeça porque o município ainda não tem nenhuma referência de que tipos de actividades podem acontecer nestes espaços…
Ana: Na 1ª sessão o município mandou-nos para a secretaria do bairro e lá eles não tinham ideia nenhuma do que é que nos estávamos a falar, isto é, nunca tinha acontecido nada de semelhante e não sabiam, portanto, o que nos deviam cobrar. Foi como se nós estivéssemos a desenhar com eles algumas normas de como é que aquilo podia acontecer. Então, a partir dali, a próxima pessoa que quiser fazer algo do género do que nós fizemos, eles já vão saber responder um pouco melhor.
AFROPUNK JOBURG 2017
Em 2017, Ana e Wilford desaparecem do pais de forma inesperada e ressurgem num artigo do magazine digital sul-africano Bubblegum Club sobre a participação do Estúdio 5 na 1ª edição do festival norte-americano Afropunk a ser realizado no continente africano, especificamente em Joanesburgo. Tendo a 2ª sessão experimental acontecido no inicio do ano, e sem indicações de uma próxima sessão a caminho, ficaram no ar muitas dúvidas sobre o que aconteceria às sessões, se a equipa se teria mudado para a África do Sul permanentemente e se o Afropunk significava o fim do Maputo Cinema Festival.
Filomena: Como é que foi trabalhar com o Afropunk? Lembro-me que, na altura, eu e algumas pessoas próximas ficámos com algumas dúvidas quanto ao vosso desaparecimento. Vocês tinham começado com as sessões experimentais e, de repente, desapareceram. Eu acho que muitos de nós ficamos a pensar: what’s going on? E depois, vocês ressurgiram como colaboradores do Afropunk!
Ana: Na verdade, nós já tínhamos um plano de ir para Joanesburgo para fazer zines. Eu já fazia zines cá então o Wilford sugeriu que fossemos e ficássemos um tempo na África do Sul para ter mais impressões e aprender coisas novas. Então quando o Afropunk anunciou que vinha a Joanesburgo, nós aliámos isso ao nosso plano inicial e pensámos em propor-lhes um projecto para que juntos tivéssemos uma oportunidade de definir uma componente Afropunk Africana, que seria o Afropunk Cinema. Então nós fizemos uma proposta ao Afropunk, mostrámos o que é que nós fazemos e quem somos. Eles gostaram da ideia e disseram que estavam abertos para conversar. Nós aventurámo-nos e fomos para a África do Sul mesmo sem a confirmação deles. Eles ficaram surpresos. Não estavam mesmo à espera. Um dos produtores sul-africanos do evento, o Lesego, recomendou-nos que trabalhássemos noutro festival enquanto esperávamos pela resposta do Afropunk para que não ficássemos sem fazer nada. Trabalhámos no festival da RedBull Amaphiko, que tinha um conceito semelhante ao que propusemos ao Afropunk. Iríamos organizar um Amaphiko Cinema Festival em Braamfontein, que consistia em utilizar espaços de rua para unificar uma zona muito segregada usando o cinema. Nós queriamos pegar nos alleyways entre os prédios em Braamfontein e fazer um urban lounge. Iamos pintar as paredes todas de vermelho, fazer mobilias de cimento e nos pontos de reunião entre as diferentes zonas – a zona onde vivem os Africanos, a zona dos Chineses, a zona dos Indianos e os escritórios da Redbull no meio de tudo isso – apareceriam as ‘bubbles’, que eram salas de cinema em formato de grandes bolhas feitas de plástico, muito simples de se fazerem, para reunir as pessoas.
Filomena: Braamfontein é uma zona muito segregada.
Ana: Sim. As pessoas não se encontram lá. E nós queríamos projectar filmes sobre como vivem os Indianos na zona dos Africanos, filmes sobre os Africanos na zona dos Chineses, filmes sobre os Chineses na zona dos Indianos… Mas eles acharam o projecto demasiado grande para eles e infelizmente acabou por não acontecer. Depois disso tivemos a resposta que esperávamos e começámos a trabalhar com o Afropunk.
Filomena: Chegou a acontecer o Afropunk Cinema?
Ana e Wilford: Aconteceu.
Filomena: Não ouvi falar disso.
Ana: Eles iam fazer uma semana Afropunk onde haveria eventos durante a semana e no fim de semana seriam os 2 dias de espectáculos. Eles queriam que a nossa sessão de cinema fosse na 5a feira, um dia antes dos espectáculos, mas nós queríamos fazer a intervenção dentro no festival. Mas o que realmente fez com que as coisas não andassem como esperávamos foi que eles descobriram que nós eramos arquitectos e puseram-nos a desenhar o cenário do festival. E nós, que estavamos a morrer de fome, ficámos super gratos por finalmente ter um trabalho que nos pagaria qualquer coisa. Nós ficamos a desenhar e foi aí onde aprendemos muitas coisas. Desenhámos o cenário, desenhámos os palcos, desenhámos o merchandise, desenhámos tudo aquilo. Eles têm uma equipa de desenhadores de evento para cada cidade, então os desenhadores da equipa americana vieram para Joanesburgo, sentaram-se connosco e explicáram-nos como iriamos trabalhar, ensinaram-nos quais eram os materiais apropriados para se usar num festival, etc. E nós desenhávamos de acordo com as indicações deles. Quanto ao projecto do cinema, nós dissémo-lhes que não precisavam compensar-nos e que nós íamos arranjar uma forma de fazê-lo acontecer. Eles acharam que deviam compensar-nos na mesma e decidiram que iam procurar um patrocínio para esse projecto e pagavam-nos com esse dinheiro.
MAPUTO CINEMA FESTIVAL (3ª Sessão)
Embora organizar estas sessões experimentais esteja a servir de lição sobre como organizar festivais – e eventos no geral – numa escala relativamente significativa, não lhes escapa a realidade de que um festival de cinema requer muito mais atenção, preparação, esforço e recursos do que a capacidade actual do grupo. O “não saber”, que é muitas vezes visto como intimidador pela maioria das pessoas, não parece afectar – pelo menos, não na negativa – estes jovens arquitectos. Eles, pelo contrário, atiram-se de cabeça às coisas que lhes dão medo e procuram aprender de todas as fontes que estiverem à sua disposição. E, agora, com a experiência do Afropunk, houve um ajuste necessário de expectativas que teve de ser feito e já se sentem. mais preparados e com um melhor entendimento do que lhes será necessário para organizar a 1ª edição do Maputo Cinema Festival em 2020.
Ana: O festival vai ser em 2020. Até agora estamos só a fazer sessões experientais. Estamos a testar com um público um pouco maior a cada sessão porque estimamos que o festival terá cerca de 6000 pessoas, durante 5 dias, e irá decorrer em cerca de 15 salas de cinema à volta da cidade. Até agora, temos uma equipa de 20 pessoas a trabalhar no festival. No nosso plano, contemplámos burocracia, curadoria, conteúdo, marketing, e outras áreas, com uma ou duas pessoas responsáveis por cada área. E, enquanto isso vai andando, o 5 Club será o nosso estúdio, onde vamos testar o que queremos para o festival.
Filomena: E sobre o 5 Club, vocês já adquiriram o espaço que queriam na Feira Popular?
Ana: Temos um espaço mas não tem o potencial do espaço que nós queremos. O espaço que queremos está mesmo em frente aos brinquesos. Mas ainda estamos em negociações com as pessoas que alugam o espaço actualmente e não sabemos se nos vão ceder o espaço ou não. De qualquer das formas, vai ser na Feira. Estamos já à procura de investidores e pessoas que podem estar interessadas em ajudar-nos a fazer isto acontecer.
Filomena: Planos mais imediatos?
Ana: Vamos para Tóquio, se tudo der certo, ainda este ano. Vamos ficar lá 3 ou 6 meses, ganhar experiência, ver coisas, etc. mas vamos voltar…