Como seria o mundo se todas as pessoas tivessem acesso às oportunidades que a tecnologia da informação pode oferecer? Computadores completos com um sistema operacional rápido e fácil e acesso à internet? Foi com este desígnio em mente que Matt Dalio fundou, em 2012, a Endless.

Durante dois anos viajou pela América Latina – em particular pela Guatemala e pelo Brasil (onde trabalhou na favela da Rocinha,no Rio de Janeiro)  – e foi também à China e à India com o objectivo de estudar a melhor maneira de concretizar o sonho de levar o computador às zonas mais remotas do Planeta e de torná-lo acessível aos mais desfavorecidos. A verdade é que, de acordo com as estatísticas, existem ainda no Planeta 4,4 mil milhões de pessoas sem condições para aceder a um computador.

Foi assim que acabou por nascer em 2015 – depois de uma bem sucedida campanha de angariação de fundos na plataforma de crowdfunfing Kickstarter – o Endless Mini, um PC que quase cabe na palma de uma mão e foi comercializado por apenas 79 dólares. Com um design elegante e minimalista, o Endless Mini ganhou logo um prémio, em 2016, na sua primeira apresentação pública na CES – a feira de electrónica de consumo de Las Vegas.

 

 

A Endless, uma start-up californiana que, entretanto, já se estabeleceu também no Brasil e na Guatemala, desenvolveu o seu próprio sistema operativo (baseado em Linux) e os seus computadores Endless Mini trazem dezenas de aplicativos de modo a permitir acesso a informação diversa (educação, saúde, jogos, etc.) mesmo quando não existe possibilidade de acesso à internet (na sua loja online tanto o sistema operativo como todas as apps são gratuitas).

Interrogado por um jornalista sobre a razão por que decidira apostar num PC quando, na maior parte dos países emergentes, o “PC” mais disseminado é o smartphone, Matt Dalio contrapôs: “você vai escrever esta entrevista usando o seu smartphone? Não vai, pois não? Para milhões de estudantes, por exemplo, um PC é um instrumento que pode ser essencial na pesquisa, na escrita de trabalhos, etc. Um smartphone não é adequado”. É por isso, que um dos elementos mais interessantes do projecto é também a aposta que faz no sentido dos mais jovens poderem aprender a escrever código e desenvolver software (daí que vários tutoriais estejam incluídos no pacote básico).

Depois do sucesso do Endless Mini, a empresa lançou agora, na CES 2017, uma nova linha de computadores – Mission Mini e Mission One – tendo em vista o mercado norte-americano. Mantendo a mesma lógica funcional, estes computadores têm, no entanto, um design que já foi considerado por muitos analistas como um dos mais inovadores desde que a Apple apostou no design como factor de diferenciação.

 

 

O conceito que preside ao “desenho” destes novos computadores da Endless é torná-los objectos que se possam enquadrar, esteticamente, na casa das pessoas como mais uma peça  de “decoração” e não se destacarem enquanto “objectos tecnológicos”. Daí, por exemplo, a opção pelo bambu como um dos elementos que envolvem a “caixa negra” que um computador normalmente é.