Enki Bilal, uma das grandes referências da banda desenhada conteporânea, acaba de editar o segundo volume de “BUG“.
Mantendo as características essenciais que sempre marcaram o seu estilo, em “BUG” – cujo primeiro volume tinha sido editado no final de 2017 – Bilal adensa ainda mais, se possível, a ambiência sombria que define as suas histórias e retoma muitas das suas obsessões predilectas.
A história passa-se em 2041 num momento em que um “bug” planetário destruiu por completo a internet. Um astronauta que, por causa de ter sido infectado por um vírus alienígena, permanece em órbita, torna-se, em consequência da devastação causada pelo “bug”, o único detentor de toda a “big data” existente e, por isso, alvo do interesse de todos os serviços secretos, grupos revolucionários, fundamentalistas integristas, máfias globais, etc.
O que torna “BUG” particularmente interessante é que, por estranho que pareça, ao lê-lo não há a sensação de se estar perante uma ficção, um cenário imaginado, mas perante algo que possui uma desconfortável verosimilhança com qualquer coisa cuja probabilidade de acontecer nos parece perfeitamente possível. Talvez por isso, Bilal tenha dito numa entrevista recente: “a ficção científica (enquanto género literário) já não existe pois nós já vivemos em plena ficção científica”.