Artista angolano Kiluanji Kia Henda vence o Frieze Artist Award 2017
O júri do prémio, que recebeu candidaturas de mais de 80 países, anunciou que escolheu o projeto de Kiluanji Kia Henda, nascido em 1979, em Luanda, cidade onde continua a viver e a trabalhar em áreas que cruzam a fotografia, vídeo e performance.
Kiluanji Kia Henda é o primeiro artista africano a vencer este prémio, criado em 2014.
A proposta do artista, vencedora do Frieze Artist Award 2017, tem como título “Under the Silent Eye of Lenin”, e consiste numa instalação de duas partes, inspirada no culto do marxismo-leninismo no período pós-independência de Angola.
O artista faz um paralelismo entre esse culto, e as práticas de feitiçaria durante a guerra civil no país, aplicando também narrativas de ficção científica usadas durante a Guerra Fria entre as então superpotências mundiais dos Estados Unidos e União Soviética.
A instalação pretende suscitar a reflexão sobre a ficção e o seu poder de manipulação como arma em situações de extrema violência.
Kia Henda não é um nome desconhecido no mundo da arte contemporânea. Bem pelo contrário. Os seus trabalhos estiveram já presentes em inúmeras bienais e feiras de arte (a 1ª Trienal de Luanda, 2007; Check List Luanda Pop, Pavilhão Africano, Bienal de Veneza, 2007; Farewell to Post-Colonialism, Trienal de Guangzhou, 2008; There is always a cup of sea to sail in, 29ª Bienal de São Paulo, 2010; Tomorrow Was Already Here, Museu Tamayo, Cidade do México, 2012; Les Prairies – Les Ateliers de Rennes, 2012; Mondays Begins On Saturday, 1ª Trienal de Bergen, 2013; The Shadows Took Form, The Studio Museum of Harlem, Nova Iorque, 2013; Producing the Common, Dakar Biennale, Dakar, 2014; The Divine Comedy, Museum für Moderne Kunst, Frankfurt e Smithsonian Institute, Washington, 2014; Surround the Audience, New Museum Triennial, New York, 2015; Museum (Science) Fictions – MUSEUM ON/OFF, Centre George Pompidou, Paris, 2016; Constellations, Tate Gallery, 2017) .
E o seu trabalho encontra-se presente em diversas colecções públicas e privadas, tais como: Museum of Modern Art, Warwaw, Poland; Tate Modern, Collection of Contemporary Art, London, England; Fondazione di Venezia, Public Collection, Venice, Italy; Sindika Dokolo, African Collection of Contemporary Art, Luanda, Angola; Queensland Art Gallery, Gallery of Modern Art, Brisbane, Australia; Collezione Sciarretta (Nomas Foundation), Private Collection, Rome, Italy; Rui Costa Reis, Private Collection of Contemporary Art, Luanda, Angola; Metropolitana di Napoli, Public collection, Napoli, Italy; Fundação PLMJ, Public Collection, Lisbon, Portugal; Emile Stipp, Video Art Collection, Johannesburg, South Africa.
Entre os seus trabalhos mais recentes, no domínio da fotografia e do video, destacam-se “The Last Journey of the Dictator Mussunda N´zombo Before the Great Extinction” e “In the Days of a Dark Safari”. Sobre estes últimos projectos vale a pena ler esta entrevista que deu recentemente.