Depois de sete anos dedicados a fotografar a Amazónia, Sebastião Salgado editou um livro que agora se transformou numa exposição. As fotografias – feitas por terra, água e ar – revelam a floresta, rios, montanhas e a vida de 12 comunidades indígenas, numa Amazónia ainda desconhecida que não cessa de nos surpreender com a cultura e engenhosidade de seus povos, seus mistérios, sua força e incomparável beleza. Esse denso universo marcou o olhar do fotógrafo com imagens impressionantes, na sua grande maioria mostradas agora ao público pela primeira vez.
Idealizada e concebida por Lélia Wanick Salgado, esta exposição imersiva, um mergulho no coração da Amazônia, é um convite para ver, ouvir e, ao mesmo tempo, reflectir sobre o futuro da biodiversidade e a urgente necessidade de proteger os povos indígenas e preservar esse ecossistema imprescindível para o planeta. “Ao projectar ‘Amazónia’, quis criar um ambiente em que o visitante se sentisse dentro da floresta, se integrasse com sua exuberante vegetação e com o quotidiano das populações locais”, comenta Lélia Wanick Salgado.
Acompanhada de uma criação sonora, uma original composição do músico francês Jean-Michel Jarre a partir dos sons concretos da floresta, a exposição – já inaugurada na França (Museu da Música – Filarmônica de Paris), na Itália (MAXXI Museu, em Roma), na Inglaterra (Museu da Ciência, em Londres) e agora também no Brasil– dá também voz às comunidades ameríndias.
A exposição – apresenta ainda dois espaços com projecções de fotografias. Uma delas mostra paisagens florestais musicadas pelo poema sinfônico “Erosão – Origem do Rio Amazonas”, do compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959); a outra, revela retratos de índios, com uma composição especial de Rodolfo Stroeter.
Ao final da exposição, um espaço dedicado ao Instituto Terra apresenta o trabalho realizado por Lélia e Sebastião Salgado desde 1998, que abrange o reflorestamento de uma área de cerca de 600 hectares de Mata Atlântica em Aimorés (MG), além do cultivo de milhões de mudas de árvores em extinção e capacitação de jovens ecologistas para um trabalho contínuo de proteção e conservação da biodiversidade da região.
(Fotografia do topo da página: Bela Yawanawá, da Aldeia Mutum, com cocar e rosto pintado. Terra Indígena do Rio Gregório. Estado do Acre, 2016 © Sebastião Salgado)
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