De acordo com notícia publicada pela revista “Forbes”, a start-up norte-americana “Memphis Meats”, que já se tinha destacado há quatro anos atrás quando colocou no mercado as primeiras almondegas “fabricadas” em laboratório, está prestes a lançar tiras de frango e de pato produzidas do mesmo modo,
Segundo Bruce Friedrich, fundador da “Memphis Meats”, “dentro de algumas gerações, o abate de animais para alimentação será extremamente raro no mundo desenvolvido. O que iremos ver é a entrada em cena da chamada “carne limpa”, termo cunhado para designar a proteína cultivada em laboratório”.
Mas a “Memphis Meats” está longe de ser a única empresa a apostar nesta alternativa. Também a “Just” está a investir fortemente na produção de carne em laboratório. A “Just” começou por produzir uma “pasta celular”, com um aspecto idêntico ao da carne picada – a qual pode ser usada em hambúrgueres, nuggets ou tacos – e que é feita a partir de uma amostra de células de músculo do frango. O objectivo agora é lançar no mercado, tal como a “Memphis Meats”, “carne Limpa” de frango e pato.
Mas muitas outras start-ups, em diferentes pontos do globo, estão a avançar no mesmo sentido. Os holandeses da “Mosa Meats” estão a desenvolver hambúrgueres a partir de um reduzido número de células de animais vivos. As células são retiradas através de uma biópsia e depois postas em “cultura” para crescerem e se multiplicarem. A expectativa é que os novos hambúrgueres cheguem aos supermercados ainda este ano, com sabores e texturas semelhantes à da carne tradicional e a preços competitivos. Mas também em Israel (com destaque para a Future Meat Technologies, a Super Meat e a Aleph Farms), em Espanha (Cubiq Foods) ou até mesmo na Turquia (Biftek) projectos semelhantes estão em marcha.
Mas outras start-ups decidiram apostar no sector do peixe e frutos do mar. É o caso da norte-americana “BlueNalu”, que se auto-denomina como uma empresa de “aquacultura celular”, e que planeia começar a comercializar ainda este ano peixes, crustáceos e moluscos desenvolvidos a partir de “culturas celulares”. Em Singapura, a “Shiok Meats” está a trabalhar na produção de camarões, lagostas e caranguejos “limpos”. E no Japão, a “Toriyama” está a desenvolver pesquisa no mesmo sentido.
Segundo a consultora RethinkX, estes (e outros) projectos irão abalar fortemente os sectores da agricultura, da pecuária e das pescas tal como existem hoje mas a transformação em curso, que se irá intensificar nas próximas décadas, é inevitável face aos impactos combinados do crescimento demográfico e dos impactos ambientais provocados pelas culturas intensivas e a sobrepesca nos oceanos.
De acordo com um estudo recente da Markets and Markets, o valor do mercado global dos “alimentos celulares” deverá chegar aos 214 milhões dólares em 2025 atingindo os 593 milhões em 2032. Mas esta é uma perspectiva conservadora pois o facto é que se está a verificar um crescimento muito significativo dos investimentos neste sector. Para citar apenas um exemplo, Bill Gates tem estado a apostar na Impossible Foods, cujos hamburgueres, bacon, peixes, frango, leite e queijo à base de vegetais já começaram a ser comercializados através das cadeias do Burger King e do KFC.