A abóboda nubia: resgatar a tradição para projectar o futuro
O projecto do arquitecto francês está em destaque no mais recente programa da série “Future Makers”, produzido pela revista “Dezeen” (em colaboração com a Autodesk). Esta série de programas pretende dar a conhecer designers especialmente implicados na resolução de problemas que afectam o nosso Planeta, como o acesso à energia ou as mudanças climáticas.
A designação “abóbada núbia” tem origem na técnica que era empregue na antiga civilização Núbia – situada numa região entre o actual sul do Egipto e o norte do Sudão – e que permite a construção de tectos em forma de abóboda com tijolos de terra sem necessidade de qualquer tipo de estrutura de suporte.
“A arquitectura tradicional na região subsaariana – explica Thomas Granier no filme – utilizava habitualmente madeira e palha para a cobertura das casas. Mas hoje, com aceleração dos processos de desflorestação, isso tornou-se inviável”. Assim, as populações são obrigadas a recorrer a materiais geralmente importados (telhas e vigas) que são caros e, para além disso, estão muito longe de ser adequados às condições climatéricas e ambientais locais.
Tendo iniciado a sua actividade no final década de 90, a organização La Voûte Nubienne está hoje presente no Mali, no Senegal, no Burkina Faso, no Gana, no Benim e na Mauritania. A sua intervenção em mais de 700 comunidades permitiu, entretanto, que não apenas um número significativo de pessoas possam hoje dispôr de uma habitação condigna, ambientalmente sustentável e que se insere na cultura tradicional local como, através de programas de formação, possibilitou a aprendizagem, por parte das populações, deste método, o que levou a um estímulo importante das economias locais gerando emprego e, em muitos casos, pequenos negócios.