“A Polícia da Memória” de Yoko Ogawa: um romance orwelliano para reflectir sobre a contemporaneidade
Finalista do International Booker Prize de 2020, “The Memory Police” de Yoko Ogawa, uma das mais importantes escritoras japonesas da actualidade, acaba de ser editado em língua portuguesa (“A Polícia da Memória”, ed. Relógio d’Água).
“A Polícia da Memória” é um romance orwelliano sobre os terrores da vigilância do Estado.
Numa ilha sem nome, situada numa costa anónima, há objectos que começam a desaparecer. Primeiro chapéus, depois fitas, pássaros e rosas — até que a situação se agrava. A maioria dos habitantes permanece desatenta a estas mudanças, e os poucos com poder para recuperar os objectos perdidos vivem receosos da Polícia da Memória, entidade que assegura que o que desaparece permanece esquecido.
Quando uma jovem mulher, que luta por manter uma carreira de romancista, descobre que o seu editor está em perigo, elabora um plano para o ocultar debaixo da sua casa. À medida que medo e sentimento de perda se aproximam, rodeando-os, agarram-se à escrita como modo de preservar o passado.
O livro, que explora temas como a verdade, a vigilância do Estado e a autonomia individual, tem sido comparado a obras como “1984” de Georges Orwell, “Fahrenheit 451” de Ray Bradbury e “Cem Anos de Solidão de Gabriel García Márquez”.
A revista “New Yorker” considerou-o “um romance magistral” e o “New York Times” incluiu-o entre os cem melhores do ano aquando da sua publicação.
“A Polícia da Memória” será brevemente adaptado a série de televisão, realizada por Reed Morano (The Handmaid’s Tale), com argumento de Charlie Kaufman (Being John Malkovich, Eternal Sunshine of the Spotless Mind).
Yoko Ogawa nasceu a 30 de março de 1962, em Okayama, no Japão. Graduou-se na Universidade de Waseda e vive atualmente em Ashiya, Hyogo. Desde 1988 publicou numerosas obras de ficção e não-ficção, muitas delas premiadas, traduzidas em inúmeros idiomas e adaptadas ao cinema.