A nova era do ``jornalismo cidadão``
Esta é uma situação particularmente evidente em zonas remotas do Planeta, nomeadamente em África, onde o acesso é, em muitos casos, não apenas difícil mas acarreta custos incomportáveis para as populações.
Em 2012, uma série de jornalistas britânicos criaram, em Londres, uma organização sem fins lucrativos – a “On Our Radar” – para combater esta situação. O núcleo fundador da organização, constituído por seis pessoas, incluiu não apenas jornalistas mas também especialistas de várias áreas tecnológicas. Desde então, a “On Our Radar” já desenvolveu projectos de “jornalismo cidadão” em países como o Gana, a Serra Leoa, India e Malásia (entre outros).
O primeiro projecto foi desenvolvido na Serra Leoa e teve como objectivo montar uma rede que permitisse dar aos cidadãos em zonas remotas a possibilidade de intervir com a sua voz (e as suas histórias e informações) nas eleições gerais de 2012. “Estamos a falar de comunidades que quase não têm acesso à electricidade, não estão em online e preferem usar um velho telemóvel Nokia que podem carregar uma vez por semana – conta Paul Myles, editor da “On Our Radar” – não estamos a falar de pessoas que podem partilhar informações pelo Twitter”.
A equipa da “On Our Radar” desenvolveu, por isso, um programa de acção que passou, em primeiro lugar, por dar alguma formação às pessoas sobre como “organizar a informação” a transmitir e, depois, criou um sistema que permitiu a essas populações comunicar com a equipa em Londres, por sms ou mensagens de voz, sobre o que estava a ocorrer nas suas zonas durante o periodo eleitoral, com um custo igual ao envio de sms ou chamadas de voz na Serra Leoa.
Mas um ponto de viragem importante na evolução do projecto “On Our Radar” nasceu, curiosamente, no próprio Reino Unido quando participaram numa iniciativa para ajudar pessoas com problemas de demência. Para abordar a situação específica destas pessoas, a equipa produziu 40 telemóveis com uma impressora 3D que só dispunham de 5 botões (ligar/desligar, aumentar/diminuir o som, falar e reponder). As pessoas podiam deixar mensagens de qualquer tipo num atendedor automático (pedidos de ajuda, contar histórias, falar das suas emoções, deixar informações, etc.).
Esta “inovação”, pela simplicidade funcional e baixo custo, impulsionou outros projectos – como o que estão actualmente a desenvolver no Togo, sobre problemas ligados formas ritualisticas de escravatura – e abre perspectivas para um “jornalismo cidadão” que não precisa necessáriamente, à partida, da internet ou das redes sociais, mas pode ter um impacto dramático na capacidade das populações chegaram aos “media” globais. (mais informação aqui)