A força da arte contemporânea de África na Bienal de Veneza
Para além da presença de uma série de artistas de origem africana na exposição principal da Bienal, “Viva Arte Viva” (com curadoria de Christine Macel), e dos múltiplos debates programados no “Africa Forum”, os diversos Pavilhões nacionais receberam também particular atenção, com destaque para os do Quénia, da Tunísia,da Nigéria e do Egipto.
Arlene Wandera, On the Ladder, Pavilhão do Quénia
No entanto, aquele que maior reconhecimento crítico obteve foi o Pavilhão da África do Sul. As obras “imersivas” de Mohau Modisakeng and Candice Breitz mereceram, em particular, um destaque muito especial.
Mohau Modisakeng e Candice Breitz
A força do Pavilhão residiu, em parte, no facto de, segundo as suas curadoras, Lucy MacGarry and Musha Neluheni, ter sido esta a primeira vez que foi possivel obter, para além do apoio estatal, financiamentos privados para o projecto (de galerias, leiloeiras, empresas, etc.).
Apesar da qualidade das representações apresentadas nos Pavilhões nacionais terem estado em foco na Bienal, foi o Pavilhão da Diáspora que, porventura, mais atenção recebeu por parte do público e da crítica. O conceito do Pavilhão começou a ser desenvolvido, já há alguns anos, pelo ICF (International Curators Forum) e depois de uma intensa troca de ideias entre David A. Bailey e Okwui Enwezor, acabou por se materializar este ano.
Yinka Shonibare – The British Library (2017)
O Pavilhão, que apresenta obras de 19 artistas de diversas proveniências e com trajectos bem diferenciados – de nomes “consagrados” como Yinka Shonibare ou Isaac Julien a “emergentes” como Larry Achiampong ou Barbara Walker – buscou inspiração na exposição “Postwar: Art Between the Pacific and the Atlantic, 1945–1965” (que teve curadoria de Enwezor, Katy Siegel e Ulrich Wilmes) e propõe-se como uma “reflexão sobre a contemporaneidade marcada pela dimensão global”.
(imagem do topo da página: obra de Barbara Walker, Transcended, 2017)