Achille Mbembe: ``Um dos grandes desafios do século XXI será o governo das mobilidades humanas``
O mais recente número da revista Chimurenga Chronic, cujo dossier principal tem como tema “On Circulations and the African Imagination of a Borderless World“, contém um ensaio do filósofo camoronês Achile Mbembe que analisa e reflecte sobre a “ideia de um mundo sem fronteiras”.
Intitulado “The Idea of a Borderless World“, o texto, que reproduz a conferência dada por Achille Mbembe na Tanner Lecture on Human Values da Yale University (EUA), em Março de 2018, é de leitura obrigatória.
Nele, Mbembe analisa a contradição entre, por um lado, uma retórica que defende a absoluta “liberdade de circulação” e o ideal de um “mundo sem fronteiras” e, por outro lado, a realidade contemporânea onde o reforço das fronteiras, as restrições à mobilidade e a emergência dos discursos “soberanistas” que apelam a fundamentalismos “identitários” são, cada vez mais, preponderantes.
No que toca ao continente africano, Mbembe relembra a sua história pré-colonial onde, desde sempre, o “movimento precedeu o espaço” e, defendendo a “modernidade” desta perspectiva, considera que “se queremos encerrar o processo de descolonização, temos de eliminar as fronteiras coloniais e transformar África num vasto espaço de circulação”.
Em complemento a este texto, sugerimos a leitura da entrevista dada por Achille Mbembe ao jornalista António Guerreiro (publicada no jornal “Público) aquando da conferência “Por um Mundo sem Fronteiras”, proferida em Lisboa, onde afirma, nomeadamente, que considera “o governo das mobilidades humanas” como um dos grandes desafios do século XXI.