Pequisa MFF, Benga, Aldeia do Futuro:
Uma mãe carrega o seu filho por 9 meses. durante o período de gestação o peso do bebé é o peso da mãe, não existe separação até que seja feito o corte do cordão umbilical.
depois de nascido, este mesmo bebé é carregado nas costas da mãe, e nesses momentos da neneca, a mãe resgata o peso da gravidez, como se o cordão não estivesse cortado. ela carrega o bebé que continua a crescer nas suas costas até ganhar um pouco mais de independência.
quando esta criança começa a andar, ela começa a seguir a mãe e o pai pelos seus próprios pés. as crianças gostam de imitar os adultos, divertem-se muito, adoram brincar, elas aprendem brincando, elas brincam de imitar os adultos, elas têm muito gosto de carregar pequenos pesos de água que salpicam (saltitam) nas suas cabeças sobre o sol escaldante de Benga, em Tete. Estas crianças vão crescendo e o peso que elas carregam nas cabeça também vai aumentando.
eu nãos sei como as mulheres sentem-se quando carregam esses pesos, mas pelo que vejo a partir daqui, elas dão-se o tempo de cumprimentar as pessoas, e por vezes um cumprimentar longo, quando cruzam-se entre amigas, podem parar e desenvolver uma conversa e rir levemente como se não tivessem carga nenhuma.
Outro dia, uma senhora com uma idade que com certeza passava os 50, Depois de discutir com as outras mulheres que não queriam ajudar-lhe a por um segundo balde de água sobre o primeiro que ela já tinha na cabeça no risco de ser peso demais para ela, finalmente conseguiu persuadir alguém a ajudar-lhe, o que totalizou uma carga de uma media de 30 a 40 kilos na cabeça e ela ainda conseguiu fazer um gesto meio obsceno, mas engraçado, levantando uma das pernas em um gesto de dança que deixou todo mundo a rir antes de ela sair de forma tranquila como se não carregasse peso nenhum.
é como se agua, bebé, e a “Xidjumba” (carga) da Machamba, não tivessem peso nenhum. Aqui, fascina-me a leveza com a qual as pessoas carregam os pesos da vida.
